Polícia Federal na casa do lobista Milton Lyra, no bairro do Lago Sul, em Brasília (DF). Foto: Veja by Thiago Bronzatto
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A Polícia Federal prendeu nesta sexta-feira o operador Lúcio Bolonha Funaro e recolheu documentos na casa do lobista Milton Lyra, apontado por delatores como facilitador de negócios espúrios em partidos junto a empresas públicas e bancos como a Caixa, o BNDES e o Banco do Brasil. Conforme revelou VEJA, Lyra foi citado como operador do presidente do Senado Renan Calheiros (PMDB-AL) no fundo de pensão Postalis, dos Correios. Funaro, por sua vez, é suspeito de ser operador do presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). A PF também cumpriu nesta manhã mandados de busca e apreensão na sede da JBS Friboi.
A operação de hoje, batizada de Sépsis, foi autorizada pelo Supremo Tribunal Federal e é um desdobramento da Lava Jato em Brasília. O nome da ação é uma referência a uma doença desencadeada por um grave quadro de infecção geral.
As investigações e o cumprimento de mandados desta sexta-feira estão relacionados majoritariamente à recente delação premiada do ex-vice-presidente de Loterias da Caixa Econômica Federal Fábio Cleto, ex-aliado de Cunha. Cleto foi exonerado do cargo da Caixa no fim de dezembro do ano passado, logo depois do peemedebista ter autorizado a abertura do processo de impeachment contra a presidente afastada Dilma Rousseff na Câmara dos Deputados. Na época, a decisão de Dilma foi vista como um "troco" ao seu desafeto.
Quando Cleto fazia parte dos Comitê de Investimentos do Fundo de Investimentos do FGTS (FI-FGTS), a fabricante de celulose Eldorado Brasil, um dos projetos mais ambiciosos da holding J&F, controlada pela família Batista, recebeu polpudos 940 milhões de reais repasses do FI-FGTS - parte do dinheiro teria acabado nas mãos de Funaro. Na mira da Operação Lava Jato desde que Fábio Cleto fechou acordo de delação premiada, o FI-FGTS registrou pela primeira vez no ano passado prejuízo no resultado anual. A queda foi de 900 milhões de reais no patrimônio líquido do fundo que usa recursos dos trabalhadores para aplicar em projetos de infraestrutura. O patrimônio do FI-FGTS é largamente ligado a empresas investigadas no petrolão: boa parte de seus recursos foram aplicadas em companhias como a Odebrecht Transport e a Odebrecht Ambiental, a OAS Óleo e Gás e a CCR, concessionária de rodovias da Andrade Gutierrez e da Camargo Correa.
Em sua delação premiada, Cleto apontou o nome do deputado Eduardo Cunha como destinatário de 1% dos quase 1 bilhão de reais aprovado pelo FI-FGTS à empresa Eldorado. O ex-vice da Caixa também já havia confirmado que Cunha cobrou 52 milhões de reais em propina para viabilizar recursos para o projeto do Porto Maravilha, no Rio.
Em nota à Comissão de Valores Mobiliários, a JBS afirmou que "não é alvo e não está relacionada" à operação de hoje. Do site da revista Veja
02 de julho de 2016
in aluizio amorim
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