Brasília continua em chamas, mas o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, parece cada vez mais tranquilo. Já se conformou com a impossibilidade de se candidatar na eleição indireta, por impedimento legal (desincompatibilização), mas garante que não sairá do cargo, só faltou imitar Dom Pedro dizendo ao povo que vai ficar. Animado com a declaração de Meirelles, o tucano Pedro Parente também anunciou que permanecerá na presidência da Petrobras até 2019, vejam até onde vai a autoconfiança dessa gente que representa interesses econômicos que nada têm a ver com os reais interesses da nação.
MUDANÇA DE RUMO – O presidente Michel Temer, é claro, não gostou nada da declaração de Meirelles. O ministro então fez uma correção de rumo e passou a dizer que o chefe do governo vai cumprir seu mandato e se manter no cargo até o fim de 2018. “Meu cenário-base é que o presidente vai continuar”, afirmou Meirelles no Encontro Nacional da Indústria da Construção, ao ser questionado sobre a crise política que ameaça a continuidade do governo.
Mas a disputa continua nos bastidores. Para alfinetar Meirelles e agradar ao presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia, que está arquivando em massa os pedidos de impeachment, Temer nomeou para o BNDES o economista Paulo Rabello de Castro, que estava no IBGE e vinha fazendo duras críticas à suposta recuperação da economia, dizendo que os números não indicam essa tendência. Rabello é conhecido por seu radicalismo neoliberal, chaga a ponto de considerar que a reforma da Previdência é “fraca demais” e também defende uma redução mais abrupta dos direitos trabalhistas, só falta recriar a escravidão.
PONTOS EM COMUM – Embora discordem sobre política econômica, Meirelles e Rabello têm muitos pontos neoliberais em comum. Além de lutar para reduzir as conquistas sociais, o ministro da Fazenda e o novo presidente do BNDES jamais aceitam discutir o maior problema do país — o crescimento descontrolado da dívida pública. Meirelles alega que estará tudo sob controle em 2020, Rabello faz cara de paisagem, mas o que se vê é um aumento progressivo e ameaçador da dívida pública, e a grande mídia não está nem aí.
Quanto à política econômica, Meirelles não aceita críticas e garante que não sai da Fazenda, não importa quem seja eleito pelo Congresso. “O País vai bem e a economia está crescendo. O importante é que o País está na rota certa”, diz o ministro, que pode ser considerado o maior representante das elites brasileiras, especialmente os banqueiros, que cobram juros de até 500% ao ano nos cartões de crédito, em cenário de inflação anual de apenas 5%, e o governo não diz nada.
“PEJOTIZAÇÃO” – Sobre as leis trabalhistas, o ministro avalia como “irrelevante” o risco de um aumento do processo de “pejotização” do trabalhador. Segundo ele, essa possibilidade é limitada a algumas profissões e seria inviável em fábricas com milhares de trabalhadores.
O fato é que Meirelles é um farsante, um sofista mal-intencionado. Sabe que a contratação de empregados como se fossem pessoas jurídicas já atingiu o ponto de saturação e por isso não vai aumentar muito. No Brasil, praticamente não existem empregados com carteira assinada que ganhem mais de R$ 20 mil mensais. Meirelles sabe disso. Todos as instituições financeiras, assim como as grandes e médias empresas, só contratam diretores, executivos e gerentes como se fossem pessoas jurídicas. O grupo Friboi, onde trabalhava, funciona assim. Meirelles nunca teve carteira assinada, era “pejotizado”.
SONEGAÇÃO BRUTAL – O prejuízo é enorme para o INSS e o Imposto de Renda, mas o governo jamais se preocupou em calcular. Veja-se o exemplo de Fausto Silva, que o site BOL diz ganhar R$ 5 milhões mensais. Teria de pagar 27,5% de Imposto de Renda (R$ 1,375 milhão), paga apenas 10% (R$ 500 mil), portanto, sonega R$ 875 mil por mês. Além disso, deixa de pagar os 11% do INSS (R$ 550 mil). No mesmo esquema, a TV Globo sonega 20% do INSS (R$ 1 milhão). No total, a sonegação do Faustão/Globo vai a R$ 2,425 milhões por mês, chegando a R$ 29,1 milhões anuais. Nada mal.
Economistas como Meirelles e Rabello agem como criminosos, do tipo Robin Hood ao contrário, porque tiram dos pobres e da classe média para dar aos ricos. No Brasil, quem sustenta a Previdência, basicamente, são os trabalhadores de carteira assinada, os servidores civis e militares e os funcionários das estatais. Nenhum deles consegue sonegar, porque o Imposto de Renda e o INSS são descontados obrigatoriamente.
É um crime fazer uma reforma da Previdência sem antes promover uma análise atuarial profunda. Se perguntarem qual o prejuízo do INSS e do IR com a “pejotização”, Meirelles e Rabello não sabem. Também desconhecem quanto o INSS e o IR perdem com a crescente terceirização, que envolve cooperativas e Organizações Sociais fraudulentas. Somente a Petrobras tem mais de 300 mil terceirizados. Mas quem se interessa?
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – A grande mídia se cala, porque está falida. Jornais e revistas reduziram seus quadros, têm ocorrido demissões em massa, não há mais sucursais nem correspondentes, apenas “colaboradores” que ganham por reportagem, sem nenhum direito trabalhista. O que fazem os sindicatos? A Fenaj? A ABI? Como dizia o genial jornalista Antonio Maria: “Eu grito e um eco responde: Ninguém!”. (C.N.)
NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – A grande mídia se cala, porque está falida. Jornais e revistas reduziram seus quadros, têm ocorrido demissões em massa, não há mais sucursais nem correspondentes, apenas “colaboradores” que ganham por reportagem, sem nenhum direito trabalhista. O que fazem os sindicatos? A Fenaj? A ABI? Como dizia o genial jornalista Antonio Maria: “Eu grito e um eco responde: Ninguém!”. (C.N.)
30 de maio de 2017
Carlos Newton
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