"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

terça-feira, 30 de maio de 2017

EM SEU PRIMEIRO TROPEÇO NA LAVA JATO, MANTEGA ADMITE CONTA SECRETA EM BANCO SUIÇO COM U$ 600 mi


Se há no universo petista eros de grandes proporções, um deles é não combinar com antecedência a mentira a ser contada. Ex-ministro da Fazenda e acusado por vários delatores da Operação Lava-Jato de ter gerenciado o caixa de propinas cobradas pelo PT, Guido Mantega, que é alvo de processos decorrentes do Petrolão e outros escândalos de corrupção correlatos, admitiu ao juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba, por meio de petição protocolada por seus advogados, ter conta aberta no banco suíço Picktet.
Não declarada à Receita Federal, a tal conta US$ 600 mil, dinheiro que, segundo o ex-ministro, é fruto da venda de um imóvel herdado de seu pai. Ou seja, Mantega recorreu ao expediente usado por Lula – que culpou a ex-primeira-dama pelo polemico apartamento triplex no Guarujá – e agora arrasta o finado pai ao olho do furacão da Lava-Jato.
“Guido MANTEGA, nos autos da busca e apreensão em epígrafe, vem, por seu advogado (doc. 01), respeitosamente, à presença de Vossa Excelência – tendo em vista ter sofrido medida de busca, mas não ter sido convidado a prestar depoimento, e a fim de demonstrar sua total transparência frente às investigações em curso neste e. juízo – afirmar que abre mão de todo e qualquer sigilo bancário, financeiro e fiscal, inclusive de conta estrangeira aberta antes de assumir o cargo de Ministro da Fazenda, na qual recebeu um único depósito no valor de US$ 600 mil (seiscentos mil dólares) como parte de pagamento pela venda de imóvel herdado de seu pai”, ressaltou, na petição, o criminalista Fábio Tofic Simantob, responsável pela defesa do petista.
Mantega informou no documento que não espera “perdão nem clemência pelo erro que cometeu ao não declarar valores no exterior, mas reitera que jamais solicitou, pediu ou recebeu vantagem de qualquer natureza como contrapartida ao exercício da função pública, conforme poderá inclusive confirmar o extrato da conta, documento que o peticionário se compromete a apresentar tão logo o obtenha da instituição financeira”.
Há nesse episódio alguns detalhes a serem considerados. O primeiro deles é que Guido Mantega, ministro da Fazenda entre 27 de março de 2006 e 1º de janeiro de 2015, foi nesse período, por questões hierárquicas, o chefe da Receita Federal. Em outras palavras, Mantega foi, no caso, a raposa que tomou conta do galinheiro.
O segundo detalhe a ser considerado é como o ex-ministro, que ajudou a liquidar a economia nacional, consegue custear os honorários de um criminalista reconhecido e frequentemente requisitado por ricos e poderosos. Não se trata de duvidar da lisura profissional de Tofic Simantob, mas de questionar a origem do dinheiro usado pelo petista para bancar a defesa. Esse mesmo mistério gravita nas órbitas de Lula, José Dirceu e João Vaccari Neto, todos defendidos na Lava-Jato por advogados renomados.
Por questões legais os petistas flagrados no Petrolão repetem a cantilena balbuciada por Guido Mantega, de que jamais solicitou vantagem indevida, mas não explicam como conseguem custear defensores estrelados. Por outro lado, enquanto os “petroleiros” negam o inegável, os delatores, que são reféns da verdade, relatam com tranquilidade os muitos crimes cometidos pela “companheirada”.
Guido Mantega arrumou uma justificativa melodramática para minimizar o estrago de sua esperteza, mas esse “mea culpa” de última hora pode ser o fio de mais uma meada complexa e lamacenta. Em algum momento o ex-ministro há de se lembrar de outro detalhe acerca da tal conta. Tomara que recobre a memória antes de a força-tarefa da Lava-Jato descobrir novos escândalos.
Apenas a título de lembrança, para quem integra um partido político que durante décadas condenou o capitalismo, ter uma conta bancária secreta na Suíça é no mínimo heresia ideológica.

30 de maio de 2017
Ucho.info

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