"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

terça-feira, 30 de maio de 2017

MARCHA DA INSENSATEZ

Será que as cenas a que assistimos na Esplanada dos Ministérios, na última quarta-feira, são o caminho para a estabilidade política e a retomada do desenvolvimento? Será que a violência, a intolerância e o vandalismo pavimentarão o futuro do país?

Prédios em chamas, ministérios com as vidraças estilhaçadas, coquetéis-molotovs cruzando os céus de Brasília, confronto entre policiais e manifestantes, enfim, uma tarde triste para a democracia brasileira.

É uma pena. A recessão começava a dar sinais de reversão. A confiança na política econômica era crescente. As reformas estruturais necessárias estavam em discussão. A esperança começava a renascer. E veio o tsunami político produzido pela delação premiada da JBS. Os estilhaços alvejaram o já combalido sistema político brasileiro, como um todo, e envolveram, inclusive, o presidente Michel Temer diretamente na crise.

O que está em jogo não é pouca coisa: a estabilidade econômica, o futuro da democracia brasileira e a solidez da República. E, neste momento de turbulência profunda, a única bússola segura é a Constituição brasileira. Qualquer alternativa futura nascerá de um amplo diálogo nacional, envolvendo, inclusive, o Congresso, o Poder Judiciário e a Presidência da República.

É preciso reavivar fundamentos essenciais do ordenamento jurídico democrático. O combate à corrupção deve ser implacável. Mas o amplo direito de defesa, a presunção da inocência e a observância dos direitos constitucionais dos cidadãos são contrapesos necessários para regular o poder coercitivo do Estado. Não é usual membros que compõem o sistema judiciário treinarem um delator para gravar, em operação controlada, o presidente da República e um senador para uma ação planejada de produção de provas. O uso do instituto das prisões preventivas não pode ser banalizado e deve rigorosamente observar os pressupostos previstos na legislação. Isso está ocorrendo? É justo um delator, que se vangloria de ter corrompido meia República, lucrar com a crise que ele mesmo produziu e estar agora livre, leve e solto passeando no Central Park, em Nova York? Um jornalista pode ter o sigilo de suas fontes quebrado? Por que gravam uns e não gravam outros? Muitas perguntas geram angústia e perplexidade.

O Brasil não pode ficar paralisado em função da crise política. O Congresso Nacional retomou as votações. Mas a instabilidade é grande e o estrago está feito. Em tempos assim, é cada minuto com sua agonia. As oposições se aproveitaram e lançaram suas bandeiras, propugnando mudança imediata, infelizmente contaminada pela violência e pelo vandalismo.

É hora de serenidade e sabedoria. Paciência e caldo de galinha nunca fizeram mal a ninguém. Que o espírito de grandes líderes políticos do passado, como JK, Tancredo e Ulysses, mestres na arte da política e do diálogo, nos ilumine para que rapidamente interrompamos essa marcha de insensatez.


30 de maio de 2017
Marcus Pestana é deputado federal pelo PSDB-MG.

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