"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

terça-feira, 30 de maio de 2017

CONVERSA ENTRE TEMER E ROCHA LOURES SOBRE DECRETO DOS PORTOS PODE DESAGUAR NA OPERAÇÃO PORTO SEGURO



O Porto de Santos, no litoral paulista, sempre foi objeto de ações estranhas no mundo da política e de diálogos ainda piores. Uma conversa entre o presidente Michel Temer e o deputado federal afastado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR) pode suscitar a abertura de novo inquérito, como noticiado pela imprensa na última semana.

Na conversa de que durou aproximadamente dois minutos, Loures questiona o presidente sobre o Decreto dos Portos. Em 10 de maio, dias após a conversa, Temer assinou decreto para facilitar investimentos privados nos portos. A Loures o presidente ressalta a principal mudança no decreto: o aumento para 35 anos os prazos dos contratos de arrendatários, prorrogáveis por até 70 anos.

Logo após falar com o presidente da República, Rodrigo Rocha Loures, cujo telefone celular estava monitorado pela Polícia Federal com autorização da Justiça, repassou as informações a Ricardo Conrado Mesquita, membro do Conselho Deliberativo da Associação Brasileira dos Terminais Portuários e diretor da empresa Rodrimar, que opera no Porto de Santos, o maior e mais importante do País. A Rodrimar pertence ao empresário Antonio Celso Grecco, amigo de longa data de Temer e de outros caciques peemedebistas.

A Procuradoria-Geral da República (PGR) estuda a possibilidade de pedir ao Supremo Tribunal Federal (STF) a abertura de inquérito para investigar Rocha Loures por tráfico de influência, podendo incluir nessa solicitação o presidente da República.

Com ou sem Michel Temer no alvo da investigação, um eventual inquérito sobre o tema causará tremendo estrago na cúpula do PMDB, pois o caso remete à Operação Porto Seguro, na qual a PF flagrou Rosemary Noronha, que à época apresentava-se aos interlocutores como namorada de Lula, cometendo tráfico de influência.

Afilhado político de José Sarney e ex-secretário da então governadora Roseana Sarney, do Maranhão, Fernando Fialho era diretor-geral da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) por ocasião da Operação Porto Seguro. Fialho favoreceu Antonio Celso Grecco com a prorrogação, por dezoito meses, de um contrato de exploração do Porto de Santos.

Esse “favor” evitou que o Grupo Rodrimar disputasse licitação para manter-se em área do Porto de Santos, cujo arrendamento venceria em 2011. O tal contrato, que à época prestes a vencer, foi apensado a outro, cujo vencimento estava programado para 2013. Essa estranha manobra não exigiu a realização de nova concorrência e de quebra ampliou a área usada pela Rodrimar para a movimentação de cargas.

Deflagrada em 23 de novembro de 2012, a Operação Porto Seguro desmontou um esquema criminoso de compra de pareceres em órgãos públicos para beneficiar empresas privadas. O palco das negociatas era a Antaq.

A Antaq investigava, desde agosto de 2007, irregularidades no contrato entre a Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp) e a Brasil Terminal Portuário (BTP), empresa do ex-senador e empresário Gilberto Miranda, homem de confiança de José Sarney. Muito estranhamente, a multa decorrente das irregularidades contratuais só foi aplicada em 29 de novembro de 2012, seis dias após Miranda e dirigentes da Antaq serem indiciados pela Polícia Federal por participação no esquema implodido pela Operação Porto Seguro.

De acordo com despacho da Antaq, a Codesp não fiscalizou um contrato que permitia à BTP (empresa de Gilberto Miranda) construir um terminal de contêineres e granéis líquidos avaliado em R$ 1,5 bilhão, em área de 342 mil m² no Porto de Santos.

Coincidência ou não, José Sarney e Antonio Celso Grecco (Rodrimar) foram padrinhos de casamento de Maria Vandira Peixoto, principal assessora do ex-senador na capital dos brasileiros. Quando Fernando Fialho assumiu o comando da Antaq, passou a circular agência, com estranha desenvoltura, ninguém menos que Clésio Martins, lobista ligado à Rodrimar. Clésio é casado com Vandira e padrasto de Manoela Peixoto, que foi assessora parlamentar da Antaq e também de Roseana Sarney.

Em janeiro de 2011, meses antes de ser beneficiado com a decisão da Antaq, Grecco foi um dos convidados da festa de casamento de Lia Fialho, filha do ex-diretor-geral da Antaq (Fernando Fialho), em São Luís. Além de Sarney, um dos padrinhos foi o ex-senador Gilberto Miranda. Matrimônios à parte, Sarney é um dos conselheiros de Michel Temer.


30 de maio de 2017
ucho.info

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