O Brasil enfrenta dois grandes problemas. Um deles é a corrupção generalizada na vida pública.
A delação de Sérgio Machado, portanto, não conta nenhuma novidade, apenas confirma e aumenta a lista dos suspeitos que sempre frequentaram a política brasileira e se tornaram mais conspícuos desde que a corrupção foi elevada à condição de método pelos governos do PT e seus aliados.
E é por se terem tornado os principais agentes da corrupção no governo que os petistas foram os primeiros a ser denunciados e condenados, a partir do mensalão.
Como era inevitável, sobram denúncias agora para os ex-aliados do lulopetismo, e de quebra para quem, antes na oposição – como os tucanos –, é acusado agora de ter-se comportado exatamente “como todo mundo”.
De qualquer modo, é motivo de regozijo a evidência de que pelo menos esse grave problema nacional – a corrupção na vida pública – começa a ser enfrentado com determinação e eficiência.
A exacerbação do sentimento de impunidade dos corruptos teve o efeito positivo de estimular o País a reagir homogeneamente. A Operação Lava Jato simboliza esse fenômeno. Por essa razão, ela é intocável.
A boa notícia de que está aberto o caminho para o combate eficiente à corrupção não elide o fato de que existe um país a ser governado – e esse é o outro problema a que nos referimos no início deste editorial.
Um país a ser resgatado, para começar, do fundo do poço em que foi jogado pela irresponsabilidade populista, com decisiva colaboração dos corruptos de todas as bandeiras.
A quem cabe a responsabilidade de governar o País?
Mais uma vez, a resposta é institucional. Essa responsabilidade cabe a quem foi eleito para substituir o presidente da República em seus impedimentos – como é o caso no momento – e suceder-lhe na eventualidade da vacância do cargo, que ocorrerá quando se consumar, como tudo indica que acontecerá, o impeachment de Dilma Rousseff: o vice-presidente Michel Temer.
Temer é um dos nomes citados por Sérgio Machado como beneficiário do esquema de corrupção na Transpetro, por ter sido atendido, em 2012, segundo o delator, no pleito de uma “doação” de US$ 1,5 milhão para a campanha do então candidato do PMDB à Prefeitura de São Paulo, Gabriel Chalita.
Trata-se de uma denúncia que deve ser rigorosamente investigada e, se for comprovada, levará Temer a julgamento quando não estiver mais exercendo o mandato presidencial, de acordo com os mesmos dispositivos legais que no momento protegem Dilma.
Michel Temer é o presidente em exercício e é a ele que cabe a responsabilidade constitucional de governar o Brasil, enfrentando a extremamente difícil tarefa de corrigir os erros e equívocos de 13 anos de lulopetismo.
Outra coisa é o boicote revanchista por parte daqueles que acusam o governo de ser “golpista” e “ilegítimo”.
Mas é o que se pode esperar dos corruptos que levaram a desesperança aos lares brasileiros ou de quem ainda se ilude com os políticos que por mais de uma década prometeram a igualdade e grandeza e entregaram uma economia falida.
Soluções alternativas e miraculosas para colocar o País no rumo certo, como a delirante ideia da convocação de eleições presidenciais antecipadas, só servirão para tumultuar ainda mais o ambiente político, satisfazer momentaneamente a sanha revanchista de Lula e sua tigrada e, pior do que tudo isso, retardar a adoção das medidas e dos programas urgentemente reclamados para atacar a questão que está na origem de todos os problemas sociais que a cada dia mais se agravam.
O fato de Michel Temer ter sido citado na delação de Sérgio Machado não pode ser pretexto para que o País experimente a paralisia que muitas vezes precede a catarse.
O governo não pode perder um minuto no combate, entre outros, ao enorme desajuste das suas contas, com todas as consequências negativas na atividade econômica, provocado pela farra do populismo irresponsável do PT com os recursos públicos.
Em resumo: a corrupção é endêmica, mas está sendo firmemente combatida com o indispensável apoio dos brasileiros. A tarefa ainda mais difícil e complexa de tirar o País do buraco é responsabilidade do governo que, gostemos ou não, saiu das urnas de 2014.
17 de junho de 2016
Editorial O Estadão
A delação de Sérgio Machado, portanto, não conta nenhuma novidade, apenas confirma e aumenta a lista dos suspeitos que sempre frequentaram a política brasileira e se tornaram mais conspícuos desde que a corrupção foi elevada à condição de método pelos governos do PT e seus aliados.
E é por se terem tornado os principais agentes da corrupção no governo que os petistas foram os primeiros a ser denunciados e condenados, a partir do mensalão.
Como era inevitável, sobram denúncias agora para os ex-aliados do lulopetismo, e de quebra para quem, antes na oposição – como os tucanos –, é acusado agora de ter-se comportado exatamente “como todo mundo”.
De qualquer modo, é motivo de regozijo a evidência de que pelo menos esse grave problema nacional – a corrupção na vida pública – começa a ser enfrentado com determinação e eficiência.
A exacerbação do sentimento de impunidade dos corruptos teve o efeito positivo de estimular o País a reagir homogeneamente. A Operação Lava Jato simboliza esse fenômeno. Por essa razão, ela é intocável.
A boa notícia de que está aberto o caminho para o combate eficiente à corrupção não elide o fato de que existe um país a ser governado – e esse é o outro problema a que nos referimos no início deste editorial.
Um país a ser resgatado, para começar, do fundo do poço em que foi jogado pela irresponsabilidade populista, com decisiva colaboração dos corruptos de todas as bandeiras.
A quem cabe a responsabilidade de governar o País?
Mais uma vez, a resposta é institucional. Essa responsabilidade cabe a quem foi eleito para substituir o presidente da República em seus impedimentos – como é o caso no momento – e suceder-lhe na eventualidade da vacância do cargo, que ocorrerá quando se consumar, como tudo indica que acontecerá, o impeachment de Dilma Rousseff: o vice-presidente Michel Temer.
Temer é um dos nomes citados por Sérgio Machado como beneficiário do esquema de corrupção na Transpetro, por ter sido atendido, em 2012, segundo o delator, no pleito de uma “doação” de US$ 1,5 milhão para a campanha do então candidato do PMDB à Prefeitura de São Paulo, Gabriel Chalita.
Trata-se de uma denúncia que deve ser rigorosamente investigada e, se for comprovada, levará Temer a julgamento quando não estiver mais exercendo o mandato presidencial, de acordo com os mesmos dispositivos legais que no momento protegem Dilma.
Michel Temer é o presidente em exercício e é a ele que cabe a responsabilidade constitucional de governar o Brasil, enfrentando a extremamente difícil tarefa de corrigir os erros e equívocos de 13 anos de lulopetismo.
Outra coisa é o boicote revanchista por parte daqueles que acusam o governo de ser “golpista” e “ilegítimo”.
Mas é o que se pode esperar dos corruptos que levaram a desesperança aos lares brasileiros ou de quem ainda se ilude com os políticos que por mais de uma década prometeram a igualdade e grandeza e entregaram uma economia falida.
Soluções alternativas e miraculosas para colocar o País no rumo certo, como a delirante ideia da convocação de eleições presidenciais antecipadas, só servirão para tumultuar ainda mais o ambiente político, satisfazer momentaneamente a sanha revanchista de Lula e sua tigrada e, pior do que tudo isso, retardar a adoção das medidas e dos programas urgentemente reclamados para atacar a questão que está na origem de todos os problemas sociais que a cada dia mais se agravam.
O fato de Michel Temer ter sido citado na delação de Sérgio Machado não pode ser pretexto para que o País experimente a paralisia que muitas vezes precede a catarse.
O governo não pode perder um minuto no combate, entre outros, ao enorme desajuste das suas contas, com todas as consequências negativas na atividade econômica, provocado pela farra do populismo irresponsável do PT com os recursos públicos.
Em resumo: a corrupção é endêmica, mas está sendo firmemente combatida com o indispensável apoio dos brasileiros. A tarefa ainda mais difícil e complexa de tirar o País do buraco é responsabilidade do governo que, gostemos ou não, saiu das urnas de 2014.
17 de junho de 2016
Editorial O Estadão
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