Na segunda-feira (13), a conselheira Robin Bienenstock, membro independente do conselho de administração da Oi, também renunciou ao cargo por discordar da saída de Gontijo.
MAIS CRISE – Fontes afirmaram ao jornal O Estado de S. Paulo que o presidente do conselho de administração da companhia, José Mauro Mettrau Carneiro da Cunha, nome indicado pelo BNDES, também poderia deixar o grupo. Procurado pela reportagem, o banco não comentou o assunto. Cunha chegou a assumir temporariamente a presidência da Oi logo após a saída do executivo Franscico Valim, em 2013.
Com dívida bruta de R$ 49,3 bilhões no primeiro trimestre deste ano, a companhia estava tentando nos últimos meses, sob a gestão de Gontijo, renegociar seus débitos bilionários em um acordo extrajudicial, evitando, assim, o pedido de recuperação judicial
Segundo afirmou uma fonte próxima da operação ao jornal, um dos maiores acionistas individuais da tele, atrás da Pharol (que reúne os acionistas da Portugal Telecom), o BNDES tem cerca de R$ 4 bilhões a receber da empresa. O Banco do Brasil concedeu empréstimos de cerca de R$ 4,5 bilhões – somando os recursos de suas gestoras de ativos, o total chega a R$ 5 bilhões, ainda segundo a fonte, enquanto a Caixa repassou R$ 3 bilhões. Procurados pela reportagem, BB, Caixa e BNDES não se pronunciaram.
ALONGAR PRAZOS – Na proposta que ainda está sendo negociada, os bancos públicos não só teriam de alongar os prazos, como ainda ficariam com “spread” (diferença entre o custo de captação de recursos e o valor cobrado pela operação) negativo. Outros credores poderiam transformar a dívida em participação acionária.
Para outra parcela da dívida, a Oi buscava encontrar um investidor que comprasse seus débitos com descontos entre 50% e 70% do valor real, segundo fontes. Em abril, a empresa anunciou a contratação do banco americano Moelis para dar início à reestruturação de sua dívida. Procurado, o Moelis não quis comentar o tema.
RECUPERAÇÃO JUDICIAL – Caso a empresa entre em recuperação judicial, toda essa negociação deixa de valer, segundo pessoas próximas ao caso. “Se a Oi entrar com pedido de recuperação judicial, o que parece cada vez mais próximo, os bancos públicos entram na fila comum dos credores”, disse uma fonte.
Na segunda-feira, 13, Marco Schroeder, que assumiu a presidência executiva no lugar de Gontijo, tentou tranquilizar executivos da empresa. Nesta quarta-feira, o conselho se reunirá para definir os próximos passos da Oi.
REESTRUTURAÇÃO – O clima é de incerteza no mercado. A dúvida é se Schroeder, pouco conhecido no mercado financeiro, segundo fontes do setor, será capaz de dar continuidade à reestruturação. No início da semana passada, Gontijo estava em Nova York para negociar com credores internacionais. Segundo uma fonte, executivos e acionistas discordaram sobre contrapropostas a serem feitas aos credores. Procurada, a Oi não comentou.
Em meio às recentes movimentações na Oi, com as renúncias de Bayard Gontijo, presidente da operadora, e de Robin Bienenstock, membro independente do conselho de administração, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) abriu na segunda-feira processo para supervisionar a comunicação de notícias e potenciais fatos relevantes da empresa.]
No fim de maio, a Oi já havia sido questionada pela CVM sobre o andamento da negociação de sua dívida financeira junto aos credores. À época, a Oi respondeu que não havia até, aquele momento, definição de proposta a ser implementada que constituísse fato relevante. Na quinta-feira passada, a Oi foi questionada pela BM&FBovespa sobre as oscilações atípicas de suas ações. (reportagem enviada pelo comentarista Guilherme Almeida)
17 de junho de 2016
Deu no Jornal do Commercio
Nenhum comentário:
Postar um comentário