Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o mais poderoso presidente da Câmara dos Deputados dos anos recentes, está morto politicamente com a votação por sua cassação no Conselho de Ética: só um milagre operado pelo "centrão"contra a opinião pública em ano eleitoral o salvaria no plenário, e isso soa impossível.
E os tiros fatais na meteórica parábola de sua passagem no comando da Casa foram dados, não sem ironia, por representantes fiéis do baixo clero parlamentar que ele controlava como ninguém.
O governo interino de Michel Temer agora deverá buscar operar um enterro expedito e cuidadoso do incômodo aliado, mas sabe que mesmo isso não afastará o risco de assombrações ainda mais graves do que o travamento de votações na Casa.
Cassado pelo plenário, como é previsível salvo algum último recurso rocambolesco regimental no qual Cunha é especialista, a tendência é a de reordenação na Câmara. Até lá, contudo, haverá uma grande confusão no comando da Casa no momento em que o Planalto precisa encaminhar agendas.
O problema, contudo, não acaba aí para Temer. Além de buscar vinganças por meio daqueles que ainda lhe sejam fiéis por motivos mais ou menos confessáveis na Câmara, Cunha é o mais temido homem-bomba potencial da República.
Sem a proteção do cargo e do mandato, é segredo de polichinelo que seu caso na Lava Jato será tratado com o devido "carinho" pelo juiz Sergio Moro. E aí a palavra "delação premiada" assombra 3/4 de Brasília –principalmente o seu PMDB ora ocupando o Planalto.
Não só. Cunha conhecia segredos e traficâncias do poder há mais de duas décadas, e prosperou especialmente sob o governo do PT. Se metade do que ele dizia saber a conhecidos sobre as operações atribuídas a Luiz Inácio Lula da Silva, a partidos aliados e também à então oposição for verdade, terá muito a contar caso acabe mesmo numa cela da Polícia Federal em Curitiba.
A dúvida agora é ver como o governo interino irá proceder: fora da Câmara não há alívio possível para o deputado, mas o espaço para suas manobras parece ter acabado. Metaforicamente morto, Cunha segue radioativo como nunca.
17 de junho de 2016
Igor Gielow, Folha de S.Paulo
E os tiros fatais na meteórica parábola de sua passagem no comando da Casa foram dados, não sem ironia, por representantes fiéis do baixo clero parlamentar que ele controlava como ninguém.
O governo interino de Michel Temer agora deverá buscar operar um enterro expedito e cuidadoso do incômodo aliado, mas sabe que mesmo isso não afastará o risco de assombrações ainda mais graves do que o travamento de votações na Casa.
Cassado pelo plenário, como é previsível salvo algum último recurso rocambolesco regimental no qual Cunha é especialista, a tendência é a de reordenação na Câmara. Até lá, contudo, haverá uma grande confusão no comando da Casa no momento em que o Planalto precisa encaminhar agendas.
O problema, contudo, não acaba aí para Temer. Além de buscar vinganças por meio daqueles que ainda lhe sejam fiéis por motivos mais ou menos confessáveis na Câmara, Cunha é o mais temido homem-bomba potencial da República.
Sem a proteção do cargo e do mandato, é segredo de polichinelo que seu caso na Lava Jato será tratado com o devido "carinho" pelo juiz Sergio Moro. E aí a palavra "delação premiada" assombra 3/4 de Brasília –principalmente o seu PMDB ora ocupando o Planalto.
Não só. Cunha conhecia segredos e traficâncias do poder há mais de duas décadas, e prosperou especialmente sob o governo do PT. Se metade do que ele dizia saber a conhecidos sobre as operações atribuídas a Luiz Inácio Lula da Silva, a partidos aliados e também à então oposição for verdade, terá muito a contar caso acabe mesmo numa cela da Polícia Federal em Curitiba.
A dúvida agora é ver como o governo interino irá proceder: fora da Câmara não há alívio possível para o deputado, mas o espaço para suas manobras parece ter acabado. Metaforicamente morto, Cunha segue radioativo como nunca.
17 de junho de 2016
Igor Gielow, Folha de S.Paulo
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