O teor, estilo e vocabulário da carta aberta de Lula visando à reconciliação com os vários setores e agentes da vida pública, desrespeitados, até por palavras de baixo calão, em seus telefonemas grampeados e divulgados com autorização da justiça - um dos segmentos gratuitamente atingidos -, estão tão distantes da sua personalidade real que enchem de perplexidade a quem lê o texto.
Seus termos fazem lembrar um cafetão esbofeteando a explorada mas, para mantê-la trabalhando, desculpa-se, prometendo-lhe casamento;
um esquerdista caviar brasileiro, justificando aos inocentes úteis, obedientes militantes, a necessidade, para endossar a sua atividade progressista, do consumo da iguaria e das ausências sabáticas nos apartamentos de Paris de sua propriedade;
um marido pego em traição, argumentando com a traída que a mancha vermelha na cueca não é batom e sim um fenômeno químico de nome complicado, cuja explicação a ciência desconhece.
Seria bom que o ex-presidente determinasse ao advogado que redigiu o documento, entremeá-lo com alguns verbos ou termos característicos de seu modo de agir e falar tais como "acovardar" - atitude, aliás, que vem demonstrando com frequência em relação às investigações de que é alvo -, "enfiar" e "porrada",
Talvez assim, a carta fosse mais sincera e convincente.
23 de março de 2016
Paulo Roberto Gotaç é Capitão de Mar e Guerra, reformado.
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