Quatro aspectos que devem ser abordados em uma discussão inteligente sobre desigualdade econômica.
Por que, durante a Revolução Americana, George Washington não utilizou mísseis teleguiados para combater o exército britânico? Por que ele não utilizou um telefone celular para se comunicar com suas tropas? Todos os recursos físicos necessários para fazer mísseis e celulares já existiam naquela época.
Aliás, esses recursos físicos já existiam desde a época do homem das cavernas. Por que o homem das cavernas não tinha um computador portátil para interagir com seus semelhantes via Facebook?
A resposta é que, embora os recursos físicos já existissem, a mente humana ainda não era engenhosa e criativa o bastante para saber como transformá-los em celulares, mísseis, computadores e internet.
E isso faz toda a diferença.
Da mesma maneira, o valor de um terreno não depende do terreno em si mesmo, mas sim do valor de todos os serviços que ele permite. Um pedaço de terra em uma cidade inglesa tem mais valor que um pedaço de terra no Zimbábue porque suas possíveis utilizações na Inglaterra (residenciais, industriais, comerciais etc.) são mais úteis para o conjunto da sociedade do que no Zimbábue.
Por outro lado, se a Inglaterra for devastada por uma guerra e Zimbábue se tornar um centro internacional de negócios, as terras do Zimbábue passarão a ser muito mais valiosas do que as da Inglaterra, ainda que, fisicamente, não tenha havido alteração nenhuma na composição destas terras.
É por isso que o preço do metro quadrado hoje em Hong Kong ou Cingapura é infinitamente superior ao valor de 50 anos atrás. As terras são as mesmas, mas a utilidade da terra melhorou (aliás, a qualidade da terra em si pode até ter se degradado), pois o valor que subjetivamente se atribui às utilizações que o terreno proporciona se multiplicou.
Um poço de petróleo hoje é o mesmo poço que já existia há 100 anos. No entanto, seu dono hoje será incomparavelmente mais rico do que o dono de 100 anos atrás, pois o petróleo hoje é utilizado em processos produtivos que geram muito mais renda do que gerava há 100 anos.
Em uma sociedade formada por bilhões de pessoas, onde os recursos físicos possuem variados usos alternativos, a imensa maioria das rendas não advém automaticamente dos recursos materiais, mas sim do uso que se faz destes recursos materiais. Isso significa que a capacidade de geração de renda depende muito mais da organização inteligente destes recursos do que da disponibilidade dos mesmos.
É exatamente por isso que a Google (e tantas outras empresas) conseguiram crescer e enriquecer mesmo tendo sido criada em uma garagem e utilizando apenas recursos próprios; e também é exatamente por isso que os governos, mesmo tendo à sua disposição muitos mais recursos (confiscados) do que qualquer empresa, não conseguem gerar nada de proveitoso.
É irônico notar que, quando a distribuição de renda é realmente injusta, isso ocorre por causa das interferências, das regulamentações e dos gastos governamentais. Há várias pessoas que enriqueceram em decorrência de fartos subsídios governamentais, de tarifas protecionistas e de onerosas regulamentações que impediram o surgimento de concorrência e garantiram uma renda exclusiva para esses plutocratas. É também fato que a maneira como funciona o atual sistema monetário e bancário é propícia a uma distribuição desigual de riqueza.
No entanto, o que os defensores da redistribuição de renda sugerem para corrigir essa injustiça gerada pelas intervenções do governo é justamente mais interferências, mais gastos e mais regulamentações governamentais.
Conclui-se que essas pessoas simplesmente não entendem nem como a riqueza é criada, nem como ela é justa e injustamente distribuída, e nem como ela é destruída.
20 de fevereiro de 2015
in blog do mario fortes
http://www.mises.org.br/ Article.aspx?id=2030
http://www.mises.org.br/
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