CADÊ A LISTA DOS POLÍTICOS ENVOLVIDOS NO PETROLÃO?
O caso Petrolão, apelido que timbrou o processo de investigação empreendido pela Polícia Federal e pelo Ministério Público Federal, com apoio do Judiciário e amplamente divulgado pela imprensa, teria seu momento especial na última semana, com a esperada lista dos nomes de políticos beneficiados pela propina das empreiteiras. Não aconteceu, para dar uma folga no Carnaval a aqueles que brevemente subirão o degrau da fama; serão promovidos de suspeitos para acusados e depois apenados. Não haverá mais insinuações ou fofocas.
As revelações, sempre que agora são feitas, trazem nome completo, CPF, endereços, número de contas, datas de pagamentos e valores, sempre muito expressivos e estonteantes. Tipos, sem qualquer preconceito, mas a quem não se daria 10 mil réis foram flagrados com milhões na Suíça, são donos de apartamentos na Vieira Souto, na Delfim Moreira e em Miami.
Os implicados já não se constrangem em revelar que receberam sim grandes propinas, pagas em espécie para que decidissem em favor de certa empreiteira ou fornecedor o que, não ocorrendo, deixaria de fora empresas que resistissem ao pagamento. Durante anos essa balbúrdia ocorreu e não se sabe se ainda não estará acontecendo, porque no Brasil o que não falta é a criatividade para que se produzam delitos, fantasiados de soluções.
PROTEÇÃO DA ECONOMIA
A Petrobras é historicamente, desde sua fundação por Getúlio Vargas, uma instituição de proteção da economia nacional, organizada para se evitar que aqui os combustíveis pudessem virar massa de manobra das multinacionais, através de nossa dependência do mercado que controla a produção de petróleo. Criou-se assim o monopólio da exploração e do refino, fazendo da estatal brasileira a única empresa autorizada a tais operações. E isso nunca mais se reviu.
Mas o outro lado da moeda mostra que, nos países onde a exploração é aberta à iniciativa privada, o preço da gasolina e do diesel é muito mais barato do que o que consumimos, e ambos combustíveis são avaliados como de melhor qualidade. Mostram ainda que as variações dos preços internacionais podem influir positivamente, reduzindo os preços internos do petróleo e seus derivados quando esses mesmos insumos tenham preços mais atraentes no mercado internacional, como ocorre no mundo de hoje. É claro que estas certezas podem ser encontradas também hoje, quando já se jogou o jogo, mas não seria a hora de que o Brasil revisse o controle estatal da Petrobras?
USINA DE MALANDRAGEM
Por que temos que insistir na conservação de um modelo que comprovadamente não temos condições de dominar, que opera como uma usina de desequilíbrios, de desvios, de malandragens, de falcatruas e de privilégios? Perdemos tempo, energia, recursos para sustentar um modelo que não tem espaço na guerra que deveríamos empreender de arrumação e modernização da economia brasileira, de controle das finanças públicas, todos os dias sangradas pelo furto, pela corrupção e pela falta de critérios.
Carecemos de planejamento, de reconstrução da credibilidade dos governos e das instituições, de reformas. Carecemos sobretudo de políticas públicas, de políticos e partidos decentes. Carecemos de estadistas. Os políticos que aí estão, eleitos, que assumam essa postura e esse compromisso. Ou deem lugar aos que assim se oferecem para ser.
(transcrito de O Tempo)
20 de fevereiro de 2015
Luiz Tito
Luiz Tito
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