"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quinta-feira, 14 de agosto de 2014

USAR RATICIDA

RIO DE JANEIRO - Em matéria de futebol, qual é o seu campeonato favorito? O Italiano, o Espanhol, o Inglês? Ou o Francês, o Português, o Argentino? Seja qual for, são grandes as chances de que, sintonizando algum canal de TV por assinatura, à tarde ou à noite de qualquer dia, você conseguirá acompanhá-lo. E aposto que logo poderemos torcer pelo Dínamo de Moscou, o Lokomotiva de Zagreb ou o Changchun Yatai de Pequim.

O contrário não se dá. Em viagem pela Europa ou pela vizinhança, tente assistir a uma final do Campeonato Brasileiro no seu hotel. Não existe essa possibilidade. Não passa em lugar nenhum. Você dirá: "Há a internet". Sim. Mas refiro-me à recíproca: nosso campeonato não interessa às redes internacionais de TV. É o grande produto do futebol pentacampeão do mundo e não vale nada.

E, pelo que a maioria dos nossos times tem jogado nos últimos anos, é até bom que seja assim. É o campeonato recordista em número de faltas --reais ou simuladas--, passes errados e péssimos gramados. Em compensação, é ridículo em média de gols, de bola rolando e de público. E não se sabe de outro em que tantas torcidas se massacrem antes, durante ou depois do jogo.

Uma entrevista recente com o ex-craque Leonardo, de brilhante carreira no Flamengo, São Paulo, seleção e Europa --nesta, também como dirigente--, produziu um diagnóstico construtivo da situação. Ele prega o fortalecimento econômico dos clubes em relação às federações, sua transformação em empresas com fins lucrativos e o gerenciamento criativo do futebol, para que não dependam de benesses do governo ou da venda de jogadores mal saídos das fraldas.

Leonardo conhece os intestinos do esporte, entende de administração e, acredito, não hesitaria em usar raticida para sanear o que restou do nosso futebol. Seria um grande presidente da CBF. Hei, boa ideia!

 
13 de agosto de 2014
Ruy Castro, Folha de SP

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