BRASÍLIA - Muitas análises foram publicadas sobre a prestação parcial de contas de candidatos nas eleições deste ano. Sabe-se que o frigorífico Friboi já doou mais de R$ 50 milhões a políticos de vários partidos. O PMDB desponta como um dos campeões em arrecadação.
Essas informações só são boas para produzir estatísticas, mas inúteis para revelar quem de fato acabará financiando os candidatos. No Brasil, a lei exige duas prestações de contas durante a campanha, sempre nas primeiras semanas de agosto e de setembro. A contabilidade final sai apenas depois da eleição --quando o dado será de pouca utilidade.
A transparência nas contas de campanha serve para o eleitor considerar esse dado na hora de votar. O cidadão interessado em preservar o meio ambiente pode se sentir desestimulado a apoiar um candidato bancado por uma madeireira. Quem é de esquerda talvez rejeite políticos financiados por grandes bancos.
Ocorre que a contabilidade parcial só revela o que é conveniente aos doadores, e não ao eleitor. Por exemplo, interessa a uma empresa pendurada em empréstimos do governo fazer doações ecumênicas logo no início da campanha. O frigorífico Friboi direcionou R$ 5 milhões para Dilma Rousseff (PT) e outros R$ 5 milhões para Aécio Neves (PSDB). Apostou em duas canoas. Não quer perder, pois recebeu investimentos do BNDES na casa dos bilhões de reais.
Já alguma empreiteira talvez prefira ser mais prudente esperando até o final do processo para dar dinheiro a candidatos. Se doar depois do dia 10 de setembro, a informação permanecerá em segredo até depois do encerramento das eleições.
Para haver transparência real, seria necessária uma contabilidade diária, on-line e sem a possibilidade de receber dinheiro depois da eleição. O Congresso jamais aprovará tal regra. Mas será compelido a fazer algo quando o STF proibir doações de empresas a políticos, o que já é certo.
Essas informações só são boas para produzir estatísticas, mas inúteis para revelar quem de fato acabará financiando os candidatos. No Brasil, a lei exige duas prestações de contas durante a campanha, sempre nas primeiras semanas de agosto e de setembro. A contabilidade final sai apenas depois da eleição --quando o dado será de pouca utilidade.
A transparência nas contas de campanha serve para o eleitor considerar esse dado na hora de votar. O cidadão interessado em preservar o meio ambiente pode se sentir desestimulado a apoiar um candidato bancado por uma madeireira. Quem é de esquerda talvez rejeite políticos financiados por grandes bancos.
Ocorre que a contabilidade parcial só revela o que é conveniente aos doadores, e não ao eleitor. Por exemplo, interessa a uma empresa pendurada em empréstimos do governo fazer doações ecumênicas logo no início da campanha. O frigorífico Friboi direcionou R$ 5 milhões para Dilma Rousseff (PT) e outros R$ 5 milhões para Aécio Neves (PSDB). Apostou em duas canoas. Não quer perder, pois recebeu investimentos do BNDES na casa dos bilhões de reais.
Já alguma empreiteira talvez prefira ser mais prudente esperando até o final do processo para dar dinheiro a candidatos. Se doar depois do dia 10 de setembro, a informação permanecerá em segredo até depois do encerramento das eleições.
Para haver transparência real, seria necessária uma contabilidade diária, on-line e sem a possibilidade de receber dinheiro depois da eleição. O Congresso jamais aprovará tal regra. Mas será compelido a fazer algo quando o STF proibir doações de empresas a políticos, o que já é certo.
13 de agosto de 2014
Fernando Rodrigues, Folha de SP
Nenhum comentário:
Postar um comentário