Inflação não é algo novo. Existe desde que foram criadas as moedas. O estudo histórico mais completo que conheço sobre o assunto é Quarenta Séculos de Controles de Preços e Salários, livro de Robert Schuettinger e Eamonn Butler. Quarenta séculos! Os autores foram buscar no Código de Hamurabi, na Babilônia, os primeiros casos de controle de preços, que fracassaram. Inúmeros outros casos são analisados em seguida, como o edito de Diocleciano, que chegou a punir com a morte quem vendesse suas mercadorias por um preço acima do estabelecido. A medida desesperada era para conter a alta inflação proveniente da expansão descontrolada dos gastos públicos. Para financiá-los, o imperador foi gradativamente desvalorizando o denário de prata, a moeda romana. Foi um caos.
Não creio que a presidente Dilma chegue a condenar à morte alguém por subir preços. Mas bem que ela poderia extrair algumas lições de séculos de experiência e, assim, evitar repetir equívocos do passado, com forte expansão de gastos públicos financiados pela emissão de moeda ou crédito bancário.
Um estudo divulgado na semana passada mostra que os gastos do governo federal subiram de 14% do PIB em 1997 para 18,8% no ano passado. Segundo o especialista em contas públicas Raul Velloso, a chamada grande folha de pagamento cresce com os reajustes do mínimo e com o envelhecimento da população. O governo não controla o segundo, mas o primeiro, sim. O aumento de salários decretado por governos sem elo com as leis de mercado esteve entre as principais causas históricas da inflação. Os autores do livro afirmam: "As leis do salário mínimo também se destinam a "proteger" os trabalhadores, mas na realidade essas leis inflacionárias elevam os preços e reduzem o emprego". A presidente acusa a oposição de desejar um arrocho salarial, mas para os mais pobres não há arrocho pior do que a inflação.
O ministro Guido Mantega chegou a afirmar que a melhor correção para a política fiscal é o crescimento da economia. Só esqueceu de explicar de onde ele virá. Deu a entender que será da reversão das políticas monetárias mais restritivas, ou seja, por meio da queda da taxa de juros. Só ignorou o fato de que a inflação acumulada em doze meses está acima do teto da meta. Para Mantega, a inflação estará mais controlada em 2015. Por quê? Não se sabe. A equipe econômica parece crer no poder do pensamento, na magia dos desejos. Continua expandindo gastos e crédito públicos, "esterilizados" por um Banco Central politizado. Acha que a ajuda virá dos céus. Economia não funciona na base das esperanças.
Os autores concluem que, embora tenha havido alguns casos em que ao menos aparentemente os controles de preços abrandaram os efeitos da inflação por um breve período de tempo, eles sempre fracassaram a longo prazo. "A razão básica disso é que os controles de preços não atacaram a verdadeira causa da inflação, que é um aumento dos meios de pagamento superior ao aumento da produtividade", dizem. Em vez de conterem a inflação, eles acrescentam outras complicações, como o mercado negro, a escassez e a má alocação de recursos. O caos no setor elétrico é evidência disso. O país corre sério risco de apagão, mesmo sem crescer, e o rombo já passa de 50 bilhões de reais, a ser pago por todos nós. Responsabilidade do governo, que achou ser possível decretar redução de tarifas impunemente.
O Brasil caminha na mesma direção dos camaradas bolivarianos, e basta ver a tragédia dos casos venezuelano e argentino para perder o sono. São exemplos claros da máxima de que a única coisa que aprendemos com a história é que não aprendemos com a história. Erros antigos estão sendo repetidos por aqueles governos, sob os aplausos de boa parte da esquerda nacional. Não se regula a produtividade, a única variável que permite o aumento sustentável dos salários. O economista americano Pelatiah Webster foi preciso quando disse: "Tentar infundir a fé no coração de um incrédulo a ferro e fogo ou castigar sua amante com um chicote de couro para obrigá-la a gostar de você não é mais absurdo do que tentar atribuir valor ou confiabilidade à moeda por decreto". Até quando vão tentar tornar o Brasil um país desenvolvido por decreto?
Não creio que a presidente Dilma chegue a condenar à morte alguém por subir preços. Mas bem que ela poderia extrair algumas lições de séculos de experiência e, assim, evitar repetir equívocos do passado, com forte expansão de gastos públicos financiados pela emissão de moeda ou crédito bancário.
Um estudo divulgado na semana passada mostra que os gastos do governo federal subiram de 14% do PIB em 1997 para 18,8% no ano passado. Segundo o especialista em contas públicas Raul Velloso, a chamada grande folha de pagamento cresce com os reajustes do mínimo e com o envelhecimento da população. O governo não controla o segundo, mas o primeiro, sim. O aumento de salários decretado por governos sem elo com as leis de mercado esteve entre as principais causas históricas da inflação. Os autores do livro afirmam: "As leis do salário mínimo também se destinam a "proteger" os trabalhadores, mas na realidade essas leis inflacionárias elevam os preços e reduzem o emprego". A presidente acusa a oposição de desejar um arrocho salarial, mas para os mais pobres não há arrocho pior do que a inflação.
O ministro Guido Mantega chegou a afirmar que a melhor correção para a política fiscal é o crescimento da economia. Só esqueceu de explicar de onde ele virá. Deu a entender que será da reversão das políticas monetárias mais restritivas, ou seja, por meio da queda da taxa de juros. Só ignorou o fato de que a inflação acumulada em doze meses está acima do teto da meta. Para Mantega, a inflação estará mais controlada em 2015. Por quê? Não se sabe. A equipe econômica parece crer no poder do pensamento, na magia dos desejos. Continua expandindo gastos e crédito públicos, "esterilizados" por um Banco Central politizado. Acha que a ajuda virá dos céus. Economia não funciona na base das esperanças.
Os autores concluem que, embora tenha havido alguns casos em que ao menos aparentemente os controles de preços abrandaram os efeitos da inflação por um breve período de tempo, eles sempre fracassaram a longo prazo. "A razão básica disso é que os controles de preços não atacaram a verdadeira causa da inflação, que é um aumento dos meios de pagamento superior ao aumento da produtividade", dizem. Em vez de conterem a inflação, eles acrescentam outras complicações, como o mercado negro, a escassez e a má alocação de recursos. O caos no setor elétrico é evidência disso. O país corre sério risco de apagão, mesmo sem crescer, e o rombo já passa de 50 bilhões de reais, a ser pago por todos nós. Responsabilidade do governo, que achou ser possível decretar redução de tarifas impunemente.
O Brasil caminha na mesma direção dos camaradas bolivarianos, e basta ver a tragédia dos casos venezuelano e argentino para perder o sono. São exemplos claros da máxima de que a única coisa que aprendemos com a história é que não aprendemos com a história. Erros antigos estão sendo repetidos por aqueles governos, sob os aplausos de boa parte da esquerda nacional. Não se regula a produtividade, a única variável que permite o aumento sustentável dos salários. O economista americano Pelatiah Webster foi preciso quando disse: "Tentar infundir a fé no coração de um incrédulo a ferro e fogo ou castigar sua amante com um chicote de couro para obrigá-la a gostar de você não é mais absurdo do que tentar atribuir valor ou confiabilidade à moeda por decreto". Até quando vão tentar tornar o Brasil um país desenvolvido por decreto?
13 de agosto de 2014
Rodrigo Constantino, Veja
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