Para o Brasil crescer mais, não basta criar empregos; é preciso tornar a mão de obra mais qualificada, o que passa por um salto educacional
Depois de acelerar para 4% ao ano, em média, durante o segundo mandato do presidente Lula (PT), o PIB retomou, nos últimos anos, seu enervante ritmo de tartaruga. Na administração Dilma Rousseff (PT), a alta anual será inferior a 2%.
Num aparente paradoxo, a geração de empregos manteve-se positiva até o ano passado, com razoável crescimento da renda. De 2007 a 2013, criaram-se 9,4 milhões de postos formais no país. Se o mercado de trabalho se expandiu tanto, por que não o PIB?
A série de reportagens "O Brasil que trabalha", publicada por esta Folha, ajuda a compreender a dificuldade do país para crescer mesmo num contexto de expressivo avanço do emprego e da renda.
Ocorre que, do total de vagas geradas nesse período, metade corresponde aos dez setores de menor qualificação, que têm índices baixos de produtividade. São ocupações de pouca especialização, como ajudante em construções, faxineiro, vigilante e recepcionista. Somente o cargo de auxiliar de obras, por exemplo, teve 921 mil novos postos, quase 10% do total.
Não se pode subestimar o impacto benéfico de tais empregos. A formalização das relações de trabalho viabiliza a participação do cidadão na economia de mercado; a carteira assinada representa um passaporte para a conta bancária e o consequente acesso ao crédito, inclusive ao financiamento da tão sonhada casa própria.
Outro aspecto positivo é a diminuição do fosso social. Os salários de menor qualificação foram os que mais cresceram --oito vezes mais, na comparação entre trabalhadores com até quatro anos de estudo e os mais escolarizados, com 17 ou 18 anos de instrução.
Por outro lado, houve redução de vagas em setores que demandam maior qualificação, como operador de máquinas, supervisor administrativo e pessoal ligado à pesquisa. De modo geral, as categorias com escolaridade mais alta tiveram crescimento menor.
Esse padrão de criação de empregos, concentrado em ocupações menos qualificadas, não contribuiu para acelerar a produtividade da mão de obra como um todo, que cresceu menos de 1,7% ao ano de 2010 a 2013.
No fundo, o principal obstáculo à expansão da economia brasileira --mais que outros aspectos, como ambiente internacional e falta de investimentos-- continua sendo a falta de produtividade, que deriva, entre outros fatores, da baixa escolaridade.
O foco primeiro e último para um verdadeiro salto de desenvolvimento, portanto, deve ser a educação da mão de obra, que precisa estar voltada para as capacitações exigidas pela economia moderna.
Depois de acelerar para 4% ao ano, em média, durante o segundo mandato do presidente Lula (PT), o PIB retomou, nos últimos anos, seu enervante ritmo de tartaruga. Na administração Dilma Rousseff (PT), a alta anual será inferior a 2%.
Num aparente paradoxo, a geração de empregos manteve-se positiva até o ano passado, com razoável crescimento da renda. De 2007 a 2013, criaram-se 9,4 milhões de postos formais no país. Se o mercado de trabalho se expandiu tanto, por que não o PIB?
A série de reportagens "O Brasil que trabalha", publicada por esta Folha, ajuda a compreender a dificuldade do país para crescer mesmo num contexto de expressivo avanço do emprego e da renda.
Ocorre que, do total de vagas geradas nesse período, metade corresponde aos dez setores de menor qualificação, que têm índices baixos de produtividade. São ocupações de pouca especialização, como ajudante em construções, faxineiro, vigilante e recepcionista. Somente o cargo de auxiliar de obras, por exemplo, teve 921 mil novos postos, quase 10% do total.
Não se pode subestimar o impacto benéfico de tais empregos. A formalização das relações de trabalho viabiliza a participação do cidadão na economia de mercado; a carteira assinada representa um passaporte para a conta bancária e o consequente acesso ao crédito, inclusive ao financiamento da tão sonhada casa própria.
Outro aspecto positivo é a diminuição do fosso social. Os salários de menor qualificação foram os que mais cresceram --oito vezes mais, na comparação entre trabalhadores com até quatro anos de estudo e os mais escolarizados, com 17 ou 18 anos de instrução.
Por outro lado, houve redução de vagas em setores que demandam maior qualificação, como operador de máquinas, supervisor administrativo e pessoal ligado à pesquisa. De modo geral, as categorias com escolaridade mais alta tiveram crescimento menor.
Esse padrão de criação de empregos, concentrado em ocupações menos qualificadas, não contribuiu para acelerar a produtividade da mão de obra como um todo, que cresceu menos de 1,7% ao ano de 2010 a 2013.
No fundo, o principal obstáculo à expansão da economia brasileira --mais que outros aspectos, como ambiente internacional e falta de investimentos-- continua sendo a falta de produtividade, que deriva, entre outros fatores, da baixa escolaridade.
O foco primeiro e último para um verdadeiro salto de desenvolvimento, portanto, deve ser a educação da mão de obra, que precisa estar voltada para as capacitações exigidas pela economia moderna.
14 de agosto de 2014
Editorial Folha de SP
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