BRASÍLIA - A última cerimônia de apresentação de credenciais de embaixadores estrangeiros à presidente da República foi no final do ano passado. Desde então, lá se vão tantos meses, os novos embaixadores em Brasília estão num limbo.
São em torno de 20, de variados países e continentes, que vivem, trabalham e se movimentam no país sem terem apresentado oficialmente suas credenciais a Dilma.
O embaixador da Turquia disse a colegas que não consegue sequer viajar. Teme sair de Brasília num dia e a cerimônia ser convocada para o dia seguinte, sem tempo de voltar. Não é paranoia. Há relatos de embaixadores chamados pelo Planalto num fim de tarde para entregar credenciais na manhã seguinte.
Essa pequena história ilustra algo detectável em conversas informais com a comunidade diplomática em Brasília: o clima de euforia durante o governo Lula cedeu a um ambiente de surpresa e desânimo (também) entre diplomatas. Cá entre nós, não apenas entre os estrangeiros.
Dias depois de alugar uma casa no Lago Sul, o bairro mais sofisticado da capital da República, um europeu recebeu um telefonema desesperado: ladrões arrombaram a casa, onde estavam sua mulher e filhos. Ele, que já tinha servido no Brasil, questiona: "Por que as mortes em Gaza, na Síria e no Egito chocam tanto, se aqui morrem mais de 55 mil pessoas por ano vítimas da violência?" Alguém se anima a responder?
Uma asiática quer ir ao Nordeste, mas tem medo. Todos reclamam dos preços. Um diz que ficou muito animado para vir, quando o Brasil era o queridinho internacional. Chegou, se instalou e logo o entusiasmo --internacional e dele-- começou a murchar. Hoje, anda meio desanimado, principalmente com a economia.
Diplomatas são cautelosos por definição, mas os estrangeiros já admitem a frustração com o país, e os nacionais não escondem a mágoa com Dilma. Ela não gosta de diplomacia. E o Itamaraty anda bem apagado.
São em torno de 20, de variados países e continentes, que vivem, trabalham e se movimentam no país sem terem apresentado oficialmente suas credenciais a Dilma.
O embaixador da Turquia disse a colegas que não consegue sequer viajar. Teme sair de Brasília num dia e a cerimônia ser convocada para o dia seguinte, sem tempo de voltar. Não é paranoia. Há relatos de embaixadores chamados pelo Planalto num fim de tarde para entregar credenciais na manhã seguinte.
Essa pequena história ilustra algo detectável em conversas informais com a comunidade diplomática em Brasília: o clima de euforia durante o governo Lula cedeu a um ambiente de surpresa e desânimo (também) entre diplomatas. Cá entre nós, não apenas entre os estrangeiros.
Dias depois de alugar uma casa no Lago Sul, o bairro mais sofisticado da capital da República, um europeu recebeu um telefonema desesperado: ladrões arrombaram a casa, onde estavam sua mulher e filhos. Ele, que já tinha servido no Brasil, questiona: "Por que as mortes em Gaza, na Síria e no Egito chocam tanto, se aqui morrem mais de 55 mil pessoas por ano vítimas da violência?" Alguém se anima a responder?
Uma asiática quer ir ao Nordeste, mas tem medo. Todos reclamam dos preços. Um diz que ficou muito animado para vir, quando o Brasil era o queridinho internacional. Chegou, se instalou e logo o entusiasmo --internacional e dele-- começou a murchar. Hoje, anda meio desanimado, principalmente com a economia.
Diplomatas são cautelosos por definição, mas os estrangeiros já admitem a frustração com o país, e os nacionais não escondem a mágoa com Dilma. Ela não gosta de diplomacia. E o Itamaraty anda bem apagado.
13 de agosto de 2014
Eliane Cantanhede, Folha de SP
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