Atingida pelo escamoteamento de inflação e envolvida pela corrupção, devido ao aparelhamento de que tem sido vítima, a Petrobras é um dos temas da campanha eleitoral
A Petrobras continua a mostrar nos balanços o tamanho da sangria causada pelo descompasso entre o preço dos combustíveis no posto e seu custo. No segundo trimestre, o lucro da empresa, de R$ 4,9 bilhões, caiu 20% em relação a idêntico período de 2013. Mais uma vez, a presidente da Petrobras, Graça Foster, se referiu à necessidade de reajustes para acabar com esta defasagem.
O assunto é tão vital para a companhia e, por consequência, seus acionistas, que o fato de a presidente Dilma ter feito vaga menção a um aumento, possibilidade referendada pelo diretor financeiro, Almir Barbassa, elevou as ações da estatal, segunda-feira, em 3,47% (ON) e 4,3% (PN).
Movimento idêntico tem acontecido quando há sinalização em pesquisa eleitoral de que Dilma poderá ser substituída no Planalto. Afinal, por impor à empresa o pesado ônus do subsídio aos combustíveis, por razões eleitorais, Dilma deixou de ser confiável para os acionistas minoritários da empresa.
O Planalto faz o mesmo com o setor elétrico, desarticulado para que as tarifas não reflitam o custo real da energia numa fase crítica de falta de chuvas e, por isso, de necessidade de que as termelétricas, de custo operacional elevado, sejam mantidas ligadas durante todo o tempo. Se nos combustíveis o subsídio explode no caixa da Petrobras, na energia elétrica ele é bancado por repasse do Tesouro — leia-se, aumento da dívida pública — e empréstimos bancários exóticos, a serem pagos nas contas de luz, depois das urnas de outubro.
Preocupação do mesmo tipo tem o governador tucano Geraldo Alckmin, candidato à reeleição em São Paulo, ao não formalizar, como é necessário, algum racionamento de água na região metropolitana da capital. Em nome da vitória em eleições faz-se o diabo, no PT e no PSDB.
A indevida crítica pública do PT, do ex-presidente Lula e da presidente Dilma a analistas do Santander, por terem mencionado, em análise para correntistas, esta relação entre cotação de ações da Petrobras e pesquisas, foi desastrosa. Para o banco, atingido em sua imagem por ser tíbio e aceitar a crítica e demitir os analistas. E para Lula, partido e Dilma, ao exporem uma faceta autoritária. Tudo isso inútil, porque a relação existe. Pois, como mostram os números, a estatal tem sido mesmo bastante penalizada por esse subsídio.
E é possível que a subordinação da Bolsa a pesquisas eleitorais aumente ainda mais depois da entrevista do candidato do PSDB Aécio Neves ao Jornal Nacional, na terça, em que ele afirmou que, eleito, realinhará os preços de combustíveis e energia, contidos artificialmente pelo governo Dilma.
Atingida pela política de encobrimento de inflação praticada pelo Planalto e envolvida em casos de corrupção devido ao aparelhamento de que tem sido vítima, a Petrobras está escalada para ser um dos temas da campanha presidencial.
A Petrobras continua a mostrar nos balanços o tamanho da sangria causada pelo descompasso entre o preço dos combustíveis no posto e seu custo. No segundo trimestre, o lucro da empresa, de R$ 4,9 bilhões, caiu 20% em relação a idêntico período de 2013. Mais uma vez, a presidente da Petrobras, Graça Foster, se referiu à necessidade de reajustes para acabar com esta defasagem.
O assunto é tão vital para a companhia e, por consequência, seus acionistas, que o fato de a presidente Dilma ter feito vaga menção a um aumento, possibilidade referendada pelo diretor financeiro, Almir Barbassa, elevou as ações da estatal, segunda-feira, em 3,47% (ON) e 4,3% (PN).
Movimento idêntico tem acontecido quando há sinalização em pesquisa eleitoral de que Dilma poderá ser substituída no Planalto. Afinal, por impor à empresa o pesado ônus do subsídio aos combustíveis, por razões eleitorais, Dilma deixou de ser confiável para os acionistas minoritários da empresa.
O Planalto faz o mesmo com o setor elétrico, desarticulado para que as tarifas não reflitam o custo real da energia numa fase crítica de falta de chuvas e, por isso, de necessidade de que as termelétricas, de custo operacional elevado, sejam mantidas ligadas durante todo o tempo. Se nos combustíveis o subsídio explode no caixa da Petrobras, na energia elétrica ele é bancado por repasse do Tesouro — leia-se, aumento da dívida pública — e empréstimos bancários exóticos, a serem pagos nas contas de luz, depois das urnas de outubro.
Preocupação do mesmo tipo tem o governador tucano Geraldo Alckmin, candidato à reeleição em São Paulo, ao não formalizar, como é necessário, algum racionamento de água na região metropolitana da capital. Em nome da vitória em eleições faz-se o diabo, no PT e no PSDB.
A indevida crítica pública do PT, do ex-presidente Lula e da presidente Dilma a analistas do Santander, por terem mencionado, em análise para correntistas, esta relação entre cotação de ações da Petrobras e pesquisas, foi desastrosa. Para o banco, atingido em sua imagem por ser tíbio e aceitar a crítica e demitir os analistas. E para Lula, partido e Dilma, ao exporem uma faceta autoritária. Tudo isso inútil, porque a relação existe. Pois, como mostram os números, a estatal tem sido mesmo bastante penalizada por esse subsídio.
E é possível que a subordinação da Bolsa a pesquisas eleitorais aumente ainda mais depois da entrevista do candidato do PSDB Aécio Neves ao Jornal Nacional, na terça, em que ele afirmou que, eleito, realinhará os preços de combustíveis e energia, contidos artificialmente pelo governo Dilma.
Atingida pela política de encobrimento de inflação praticada pelo Planalto e envolvida em casos de corrupção devido ao aparelhamento de que tem sido vítima, a Petrobras está escalada para ser um dos temas da campanha presidencial.
13 de agosto de 2014
Editorial O Globo
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