Sempre simpatizei com essa expressão, tanto que a uso direto em conversas entre amigos, mas nunca a relacionei com meu trabalho. Pois chegou o momento: onde fui amarrar meu bode na hora em que resolvi dar pitaco sobre Torres?
Não leio o que rola nas redes sociais, mas já soube que fui esculhambada num grau temeroso: não duvido que temperem minha casquinha de siri com soda cáustica caso eu ouse retornar à cidade.
Bom, aos fatos. Quarta passada, publiquei uma bronca por a praia da minha infância não ter realizado seu potencial, com a burrada de ter falado em beleza, charme e bom gosto quando se sabe que são valores relativos, e de ainda ter concluído o texto subestimando o estrago dos prédios altos à beira-mar, como quem diz: perdido por um, perdido por mil. Com 20 anos de colunismo nas costas, eu já deveria ter aprendido algumas coisinhas sobre o poder desastroso das ironias.
A boa notícia é que estou desinformada, segundo os moradores. É possível. Fui a Torres poucas vezes nos últimos anos, por no máximo 48 horas, sendo que a última foi em fevereiro deste ano, quando me hospedei na Prainha, que é onde a Torres real ainda equaliza com a Torres da minha fantasia.
Não circulei, não fiquei 10 dias, um mês, e por isso não sabia nada sobre o que me contaram: que a atual gestão está empenhada em corrigir os descasos das gestões anteriores, que Torres faz parte de uma Rota Gastronômica, que há muitos hotéis e pousadas de primeira linha, que turistas estrangeiros costumam visitar a cidade com frequência, que um cinema 3D será inaugurado em novembro, que não há mais areia sobre o calçadão e que eu sou uma toupeira, claro.
Assim como eu não sabia dessa evolução toda, talvez muitos brasileiros também não saibam, já que Torres não costuma ser indicada como destino turístico imperdível. A revista Claudia, publicação feminina de maior circulação do país, veiculou uma matéria na edição de julho cujo título foi “Seja bem-vindo, tchê!”, em que personalidades nacionais nascidas aqui (escritores, atores, atletas, blogueiros, apresentadores, chefs de cozinha) recomendavam os lugares que não se deve deixar de visitar no Rio Grande do Sul.
Eles citaram as cidades da Serra, os aparados, os vinhedos, o pampa, algumas cidades do Interior e a Capital. O esquecimento da mais bela praia do litoral gaúcho pode ter sido por causa do inverno, mas aconteceu: Torres foi mencionada uma única vez. Modestamente, por mim. Que minha defesa arrole isso nos autos.
Continuo achando que Torres merecia uma infraestrutura turística de muito mais qualidade, mas já que os moradores garantem que estão chegando lá, retiro o desânimo, peço desculpas pelo mau jeito e em breve voltarei à cidade para conferir in loco. Garçom, a minha caipirinha sem cianureto, por favor.
Não leio o que rola nas redes sociais, mas já soube que fui esculhambada num grau temeroso: não duvido que temperem minha casquinha de siri com soda cáustica caso eu ouse retornar à cidade.
Bom, aos fatos. Quarta passada, publiquei uma bronca por a praia da minha infância não ter realizado seu potencial, com a burrada de ter falado em beleza, charme e bom gosto quando se sabe que são valores relativos, e de ainda ter concluído o texto subestimando o estrago dos prédios altos à beira-mar, como quem diz: perdido por um, perdido por mil. Com 20 anos de colunismo nas costas, eu já deveria ter aprendido algumas coisinhas sobre o poder desastroso das ironias.
A boa notícia é que estou desinformada, segundo os moradores. É possível. Fui a Torres poucas vezes nos últimos anos, por no máximo 48 horas, sendo que a última foi em fevereiro deste ano, quando me hospedei na Prainha, que é onde a Torres real ainda equaliza com a Torres da minha fantasia.
Não circulei, não fiquei 10 dias, um mês, e por isso não sabia nada sobre o que me contaram: que a atual gestão está empenhada em corrigir os descasos das gestões anteriores, que Torres faz parte de uma Rota Gastronômica, que há muitos hotéis e pousadas de primeira linha, que turistas estrangeiros costumam visitar a cidade com frequência, que um cinema 3D será inaugurado em novembro, que não há mais areia sobre o calçadão e que eu sou uma toupeira, claro.
Assim como eu não sabia dessa evolução toda, talvez muitos brasileiros também não saibam, já que Torres não costuma ser indicada como destino turístico imperdível. A revista Claudia, publicação feminina de maior circulação do país, veiculou uma matéria na edição de julho cujo título foi “Seja bem-vindo, tchê!”, em que personalidades nacionais nascidas aqui (escritores, atores, atletas, blogueiros, apresentadores, chefs de cozinha) recomendavam os lugares que não se deve deixar de visitar no Rio Grande do Sul.
Eles citaram as cidades da Serra, os aparados, os vinhedos, o pampa, algumas cidades do Interior e a Capital. O esquecimento da mais bela praia do litoral gaúcho pode ter sido por causa do inverno, mas aconteceu: Torres foi mencionada uma única vez. Modestamente, por mim. Que minha defesa arrole isso nos autos.
Continuo achando que Torres merecia uma infraestrutura turística de muito mais qualidade, mas já que os moradores garantem que estão chegando lá, retiro o desânimo, peço desculpas pelo mau jeito e em breve voltarei à cidade para conferir in loco. Garçom, a minha caipirinha sem cianureto, por favor.
13 de agosto de 2014
Martha Medeiros, Zero Hora
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