Caberá ao PSB decidir o que fará com a cabeça de sua chapa à Presidência da República, mas de duas uma: ou Marina Silva ascende à posição aberta com a morte de Eduardo Campos, ou a terceira opção desaparece.
Se ela era a candidata a vice-presidente até as primeiras horas da manhã de ontem, será difícil justificar outra solução, sobretudo tratando-se de uma companheira de chapa que tem identidade própria e recebeu 20 milhões de votos na última eleição.
Marina não entrou na chapa de Eduardo Campos como um simples apenso destinado a costurar acordos partidários. Se não serve para substituir o candidato morto, serviria para quê? Com algum exagero no paralelo, o entendimento de que o vice-presidente é um enfeite desemboca na manhã de outro agosto, de 1969, quando o presidente Costa e Silva estava entrevado por uma isquemia cerebral, e os ministros militares mandaram o vice Pedro Aleixo para casa. Dezesseis anos depois, para alívio geral, o vice-presidente José Sarney assumiu no dia em que Tancredo Neves deveria ser empossado. O presidente eleito estava hospitalizado e morreria mês depois.Pedro Aleixo e Sarney já haviam sido eleitos. Ambos, contudo, eram enfeites. Um, para dar um toque civil à Presidência de um marechal. O outro, dava sabor governista a um presidente da oposição. Não sendo enfeite, Marina é mais que isso.
Se a ex-senadora for deixada de lado, a terceira via implode. Se ela substituir Eduardo Campos, a natureza dessa terceira via muda de qualidade e transforma a eleição deste ano numa reedição do pleito de 2010.
Leia a integra em Sem Marina, acaba a terceira via
Marina Silva - Foto: Marcelo
Andrade / Gazeta do Povo
14 de agosto de 2014
Elio Gaspari é jornalista. O Globo
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