Minimizar a importância de más notícias tem sido hábito constante e crescente de nossas autoridades, principalmente as da equipe econômica. Mas, por mais que se queira fazer pouco do que ocorre nas contas externas do país, não dá para não se preocupar com os resultados do primeiro trimestre.
O Brasil acaba de conhecer um recorde incômodo: o deficit em transações correntes - que inclui as exportações e importações de mercadorias, a compra e venda de serviços e as chamadas transferências unilaterais (como as remessas de lucros e doações) - somou US$ 25,18 bilhões.
Não é pouca coisa. Trata-se do maior rombo nessa conta em toda a sua série histórica, iniciada em 1947 (há 66 anos). Significa que os negócios do Brasil com o resto do mundo estão desequilibrados, como ocorre com o trabalhador que anda comprando mais do que pode comprar só com o salário, sem, portanto, a ajuda do crediário ou, pior ainda, do cartão de crédito.
Além dessa constatação, há dois aspectos que só aumentam a gravidade desse mau desempenho do país. Internacionalmente, é aceito que um país em desenvolvimento, em determinados momentos e sob certas circunstâncias, acumule deficit em transações correntes que não ultrapasse valor correspondente a 3% do Produto Interno Bruto (PIB).
O resultado negativo do trimestre bateu em 3,7%. Não quer dizer que essa proporção será mantida o ano todo, mas acende, ou deveria acender, luz amarela nos painéis de controle dos responsáveis pela política econômica.
O segundo aspecto é como cobrir esse deficit. No caso do trabalhador, o "buraco" foi pelo carnê de prestações e pelo parcelamento do cartão. No caso do país, pode ser coberto de duas maneiras.
A mais saudável delas, pela entrada de investimentos estrangeiros não especulativos no país. A mais cara, por meio do endividamento, seja pela emissão de títulos do governo, seja por contratos de empréstimos e financiamentos. Foi por abusar dessa segunda modalidade que o Brasil, nos anos do milagre econômico, atolou-se em dívidas que o levaram a declarar moratória (default).
Superada a má fase e tendo adotado políticas de controle fiscal e da inflação, o Brasil voltou a ser confiável, a atrair capitais na forma de investimentos diretos em empresas, principalmente no período anterior à crise mundial de 2008. Hoje, essas entradas de recursos não se dão mais na proporção desejada, e o deficit em transações do trimestre não pode ser coberto por esses investimentos.
Resta apelar para o financiamento, e é aí que entram as agências classificadoras de risco. Dependendo da avaliação delas, o país pode pagar mais caro e até nem conseguir o empréstimo.
É, portanto, urgente que o Brasil melhore seu desempenho comercial. É preciso acelerar acordos comerciais com países capazes de comprar e pagar por nossas mercadorias e, é claro, adotar políticas de aumento da competitividade da economia, ou seja, reduzir a carga tributária, investir o quanto antes em infraestrutura e modernizar a legislação que rege as atividades produtivas.
O Brasil acaba de conhecer um recorde incômodo: o deficit em transações correntes - que inclui as exportações e importações de mercadorias, a compra e venda de serviços e as chamadas transferências unilaterais (como as remessas de lucros e doações) - somou US$ 25,18 bilhões.
Não é pouca coisa. Trata-se do maior rombo nessa conta em toda a sua série histórica, iniciada em 1947 (há 66 anos). Significa que os negócios do Brasil com o resto do mundo estão desequilibrados, como ocorre com o trabalhador que anda comprando mais do que pode comprar só com o salário, sem, portanto, a ajuda do crediário ou, pior ainda, do cartão de crédito.
Além dessa constatação, há dois aspectos que só aumentam a gravidade desse mau desempenho do país. Internacionalmente, é aceito que um país em desenvolvimento, em determinados momentos e sob certas circunstâncias, acumule deficit em transações correntes que não ultrapasse valor correspondente a 3% do Produto Interno Bruto (PIB).
O resultado negativo do trimestre bateu em 3,7%. Não quer dizer que essa proporção será mantida o ano todo, mas acende, ou deveria acender, luz amarela nos painéis de controle dos responsáveis pela política econômica.
O segundo aspecto é como cobrir esse deficit. No caso do trabalhador, o "buraco" foi pelo carnê de prestações e pelo parcelamento do cartão. No caso do país, pode ser coberto de duas maneiras.
A mais saudável delas, pela entrada de investimentos estrangeiros não especulativos no país. A mais cara, por meio do endividamento, seja pela emissão de títulos do governo, seja por contratos de empréstimos e financiamentos. Foi por abusar dessa segunda modalidade que o Brasil, nos anos do milagre econômico, atolou-se em dívidas que o levaram a declarar moratória (default).
Superada a má fase e tendo adotado políticas de controle fiscal e da inflação, o Brasil voltou a ser confiável, a atrair capitais na forma de investimentos diretos em empresas, principalmente no período anterior à crise mundial de 2008. Hoje, essas entradas de recursos não se dão mais na proporção desejada, e o deficit em transações do trimestre não pode ser coberto por esses investimentos.
Resta apelar para o financiamento, e é aí que entram as agências classificadoras de risco. Dependendo da avaliação delas, o país pode pagar mais caro e até nem conseguir o empréstimo.
É, portanto, urgente que o Brasil melhore seu desempenho comercial. É preciso acelerar acordos comerciais com países capazes de comprar e pagar por nossas mercadorias e, é claro, adotar políticas de aumento da competitividade da economia, ou seja, reduzir a carga tributária, investir o quanto antes em infraestrutura e modernizar a legislação que rege as atividades produtivas.
30 de abril de 2014
Editorial Correio Braziliense
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