Mas corrupção deve ter mau cheiro, deve feder, porque, na ditadura, tão malfalada pelos heróis das bolsas, não existia essa inhaca que paira sobre nosso país, de um modo geral.
Fui deputado durante 20 anos: quatro como suplente da gloriosa UDN e 16 como deputado da Arena e do PDS. Politicamente, andei por Ceca e Meca, fui um dos seis fundadores do MDB em Minas Gerais, juntamente com João Bosco, Dalton Canabrava, José Maria Magalhães, Celso Passos e Simão da Cunha. Ser do MDB naquela época, só mesmo para quem precisava apenas de ar para respirar, porque voto mesmo, que é bom, não podia, era pecado, principalmente no interior.
Por questões que só a mim interessam, voltei a disputar eleições pela Arena em 1970, quando teve início o atual desinteresse pela política, e ainda não se sabia da ação de tantos heróis da pátria amada, que surgem ou brotam agora, neste tempo já longe do chamado “teatro de operações”.
É tudo muito confuso: nós, deputados, só ficamos sabendo do Araguaia pela BBC de Londres, e daí o estranhamento com o grande número de aposentadorias de valentes revolucionários. Não consigo atinar como tantos revolucionários (e alguns terroristas) não ganharam a “guerra”…
Voltando ao tema, em 1970, a Arena fez 49 deputados, e o MDB, apenas 12. Divergi e me juntei à bancada da oposição. Éramos 13 contra o resto. Como não sou subversivo nem ladrão, ouvia falar em cassação, mas sequer fui advertido, apesar das ameaças do Andradinha, líder do governo, velho amigo e companheiro da UDN, mas que, naquele tempo, se julgava o último revolucionário do pacote…
POUCOS GASTOS
Na quinta legislatura (1963/1966), a bancada da UDN tinha uma sala em comum para os 27 deputados, três ramais de um mesmo telefone e três funcionários para todo mundo: Conceição, Nilda Brunn e Joaquim Cirino. Quando mudamos para a Assembleia nova, no Santo Agostinho, em dezembro de 1972, eu tive, durante quatro anos, apenas uma funcionária, Eloísa Bragança Fully.
Na quinta legislatura, a Assembleia possuía três veículos: um da presidência, outro da primeira-secretária e uma Kombi para os serviços gerais. Hoje, só de publicidade, a “Casa do Povo” gasta mais do que o orçamento do Poder de então. Tem avião, uma frota de carros e até televisão, cujo orçamento é maior que o do próprio Poder Legislativo.
Bem, vou parar para não atrapalhar a propaganda da prefeitura, que “não para de trabalhar” para nós… e tome publicidade! Onde estão o Ministério Público e o TCE, responsáveis pelo controle externo das contas públicas? Mas, depois de helicóptero com cocaína, que não tem dono, e do piloto pago pela Assembleia, fica fácil saber por que o ex-Luiz nunca sabe de nada e está solto por aí fazendo fofoca. E pensar que a minha primeira campanha, quinta legislatura, foi feita de jardineira…
(transcrito de O Tempo)
04 de dezembro de 2013
Sylo Costa
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