Venezuela a beira do precipício Nicolas Maduro, presidente da Venezuela, sempre surpreende para pior: com poderes especiais para governar por decreto, resolveu travar uma guerra contra os comerciantes: ordenou a ocupação de centenas de lojas e obrigou os proprietários a liquidar seus estoques a preços fixados pelo Governo. Como esperado, a iniciativa foi coroada de tumultos e saques e prisões de proprietários resistentes à ideia. É evidente que, longe de garantir o abastecimento, principalmente de alimentos, essa onda de intervenções fará exatamente o oposto
Manchete: Venezuela à beira de um colapso. A crise se aprofunda. Escassez aumenta, provoca inflação e reserva de moeda estrangeira é insuficiente para importações.
BR>Fontes: Blog de Miriam Leitão, Opera Mundi, La Razón, El Nacional, El Universal, Diario de Noticias
Na Venezuela os índices inflacionários estão ladeira a cima, a inflação dos últimos 12 meses é quase dez vezes a do Brasil. O governo combate a crise, como remédios econômicos populistas e cosméticos, que alivia momentaneamente os sintomas, sem se preocupar, nem de longe, com a busca de uma solução definitiva. Encurta cada vez mais o prazo da necessidade do lançamento sequencial de novas medidas, para combater novas crises ou para enfrentar os efeitos colaterais das ações anteriores.
Há tabelamento de preços e desabastecimento generalizado, inclusive dos produtos da cesta básica. As filas para compra de alimentos racionados, como açúcar, leite em pó e papel higiênicos, são de até duas horas. Muitos estão perigosamente endividados.
Diante de tudo isso, o governo Maduro tirou da cartola medidas que não resolvem o problema. Criou o risível Ministério da Felicidade, por decreto antecipou o Natal e baixou os preços dos eletrodomésticos.
A inflação geral dos últimos 12 meses está em assustadores 54%, e o mais grave, o aumento de preços nos alimentos é ainda maior, alcança 72,2%. As populações mais pobres são as mais prejudicadas. Segundo o economista venezuelano Pedro Palma, que conversou com a coluna, de Miriam Leitão, o poder de compra das remunerações dos trabalhadores é hoje quase 20% menor do que há 15 anos. O site do jornal “El Nacional” reportava nesses últimos dias, que enquanto os preços de alguns eletrodomésticos tinham sido reduzidos, o racionamento de alimentos continuava. E que dois tipos de filas eram vistas pelas ruas de Caracas: uma para a compra de TVs e equipamentos eletrônicos, e outras, diante dos supermercados: donas de casa aguardavam para comprar dois quilos de leite em pó, dois de açúcar e quatro quilos de farinha. Produtos racionados. O ambiente econômico complica-se ainda mais com a proximidade das eleições municipais, que serão uma prova de fogo para o governo, posto pela primeira vez, desde a posse, diante de uma avaliação eleitoral. Maduro que conseguiu, recentemente, do parlamento a esdruxula autorização para governar por decreto, como conseguira anteriormente seu antecessor Hugo Chávez, usa desses poderes, para lançar as tais medidas de alivio de curto prazo. Nesses últimos dias, além da redução de preços, Maduro fez novos anúncios, como a criação de um órgão para administrar as divisas para as importações e fomentar as exportações. É o terceiro desse tipo desde fevereiro. Por exemplo, na sexta-feira, o presidente Maduro, em rede nacional, fez um pronunciamento para anunciar que mais de 100 comerciantes haviam sido presos acusados de estarem cobrando preços exorbitantes.
"(...) temos mais de 100 burgueses atrás das grades neste momento", afirmou como um general que acaba de ganhar uma batalha contra o inimigo.
Entre as 'irregularidades identificadas' desde o início das inspeções, segundo o governo, em mais de mil estabelecimentos comerciais, estão o uso ilegal de dólares obtidos pela rede governamental de distribuição de divisas, fixação de preços desproporcionais, sonegação de impostos, entre outros. Os comerciantes são fiscalizados por inspetores do Exército, que forçam a redução dos preços. Diante de qualquer sinal de desobediência os lojista são sumariamente presos.
De acordo com Maduro, 99% dos comércios inspecionados que vendem produtos importados realizam suas compras com dólares obtidos pelo Cadivi (Comissão de Administração de Divisas) e 99% destes vendem a valores inflados, com um sobrepreço médio de 400 a 1200%. Em muitos casos, segundo ele, os preços são remarcados de acordo com a variação do dólar no mercado paralelo, que supera em quase dez vezes o valor oficial da moeda norte-americana, fixado em 6,30 bolívares. Maduro diz que empresas sem escrúpulos têm levantado os preços dos eletroeletrônicos e outros bens em mais de mil por cento, por isso confirma que seu governo está preparando novas leis para limitar os lucros das empresas entre 15 e 30 por cento.
SAQUE OFICIAL - O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, mandou "ocupar" no sábado, passado, uma rede de loja de eletrodomésticos, lojas Daka, em uma operação 'contra especulação dos preços'. Detiveram vários administradores da empresa e obrigaram a vender os produtos a preços 70% mais baixos.
Segundo o Governo, apenas cinco das 1.400 lojas inspecionadas até quarta-feira vendia seus produtos a preços justos."
No mundo real, segundo o jornal La Razón, muitos comerciantes forçados a baixar os seus preços, sob risco de prisão, estão se desfazendo dos estoques, com margens de lucros que não cobrem os custos das compras feitas com os dólares no paralelo. A consequência imediata será o fechamento de muitos desses estabelecimentos, o aumento do desemprego e agravamento descontrolado do desabastecimento. Não podemos esquecer que a crise do nosso vizinho não pode ser ignorada, os jornais venezuelanos ressaltam que a ajuda do Brasil tem sido fundamental para que o governo Maduro enfrente a atual crise econômica, ou seja, a presidenta do Brasil, Dilma Rousseff, tem sido avalista das exportações brasileiras, num esforço para que os empresários brasileiros continuem enviando alimentos à Venezuela, especialmente carne, bovinos vivos, galinha e açúcar, apesar da enorme dívida, e atrasos nos pagamentos dos contratos vencidos, que já somam 8 milhões de dólares. As Controlar inflação e desabastecimento por decreto, nunca funcionou, mesmo para quem tem superpoderes para governar e uma amiga como Dilma Rousseff.
Detalhe da primeira página do Jornal El Tiempo - 14.11.2013
“Eu prefiro que o povo entre e nos saque, sai mais barato! Deus, isso é um desrespeito! ” disse o comerciante árabe, Hakim Raffai, chorando enquanto era conduzido preso, referindo-se a resistindo a exigência do governo Maduro em obrigá-lo a reduzir os preços de todos os eletrodomésticos vendidos em sua loja em 70%.
A frase transcrita na manchete do jornal “El Tiempo”, enfureceu o presidente Nicolas Maduro, que acusa do jornal de guerra psicológica. “Eles colocaram as palavras de um ladrão empresário, que estavam sendo presos ", disse Maduro. "É um crime que não pode ser ignorado é uma guerra psicológica, eles (os proprietários) preparem-se para as consequências legais”, acrescentou. O empresário permanece detido na sede do Serviço Bolivariano de Inteligência Nacional (Sebin). |
Foto: IMAGEM
LEGENDA
*Acrescentamos subtítulo, foto e legenda à publicação original
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*Acrescentamos subtítulo, foto e legenda à publicação original
Foto: Juan Barreto/AFP IMAGEM
SAQUE OFICIAL - O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, mandou "ocupar" no sábado, passado, uma rede de loja de eletrodomésticos, lojas Daka, em uma operação 'contra especulação dos preços'. Detiveram vários administradores da empresa, que tem 500 funcionários, enviaram soldados para as lojas e obrigaram a empresa a começar a vender os produtos a preços mais baixos.
SAQUE OFICIAL - O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, mandou "ocupar" no sábado, passado, uma rede de loja de eletrodomésticos, lojas Daka, em uma operação 'contra especulação dos preços'. Detiveram vários administradores da empresa, que tem 500 funcionários, enviaram soldados para as lojas e obrigaram a empresa a começar a vender os produtos a preços mais baixos.
Venezuelanos carregam eletrodomésticos em Caracas: Ao ouvir a notícia, uma multidão que buscava aparelhos com preços mais baixos foi às lojas Daka Caracas - O governo socialista do presidente venezuelano, Nicolás Maduro, "ocupou" no sábado uma loja de eletrodomésticos, lojas Daka, em uma operação 'contra especulação dos preços.
Detiveram vários administradores da empresa, que tem 500 funcionários, enviaram soldados para as lojas e obrigaram a empresa a começar a vender os produtos a preços mais baixos.
Ao ouvir a notícia, uma multidão que buscava aparelhos com preços mais baixos foi às lojas Daka e houve, inclusive, um saque em uma loja da empresa no centro da cidade de Valência.
"A inflação está nos matando. Não tenho certeza se isso é certo, mas algo deve ser feito. Acredito que é direito fazer as pessoas venderem as coisas a preços justos", disse Carlos Rangel, que fazia fila junto a cerca de 500 pessoas nas portas de uma loja Daka em Caracas.
Maduro, que acusa empresários ricos e seus adversários políticos de direita de desatar uma "guerra" contra ele, disse que a ocupação da loja Daka era apenas "a ponta do iceberg" em uma campanha nacional contra os especuladores.
17 de novembro de 2013
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