Mas, para além dos discursos cansativos sobre quem promoveu efetivamente a estabilidade econômica ou quem criou realmente as políticas de transferência de renda, o que está posto é uma dificuldade enorme do mundo político de avançar diante do que já está conquistado.
Para exemplificar essa situação, basta citar as várias ampliações dos programas e projetos. Assim, o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), uma das vitrines do governo petista, tem várias versões: a dois, a da mobilidade, a das cidades históricas e por aí vai.
O Choque de Gestão, que dá visibilidade à administração tucana em Minas, tem a sua segunda fase. Ou seja, a simples continuidade do que foi bem-sucedido é o principal trunfo dos dois partidos que devem polarizar as eleições no próximo ano.
O INOVADOR
Essa restrição de atuação poderia gerar para uma outra via eleitoral a chance de apresentar o novo, o inovador. Mas, aparentemente, é difícil que isso aconteça. O governador de Pernambuco, Eduardo Campos, e sua recém-aliada, a ex-senadora Marina Lima, já têm suas imagens associadas a bandeiras conhecidas e, de certa forma, muito próximas ao governo petista. Ambos foram grandes aliados do ex-presidente petista Luiz Inácio Lula da Silva.
Além disso, pelos primeiros discursos apresentados por Campos e Marina após a consolidação da aliança, é possível perceber que eles vão bater na tecla da permanência das conquistas. Devem também adotar a crítica da “fulanização” dos avanços. Como não têm nenhum projeto de visibilidade nacional, vão dizer que os que já estão colocados não podem ser considerados de um ou outro “fulano”. Eles querem que as conquistas sejam consideradas vitória do país. Bonito discurso, mas bem inviável. Nenhum candidato vai abrir mão de dizer que é pai ou mãe de alguma iniciativa muito positiva.
Essa falta de alternativa, entretanto, aponta para algo de positivo. É preciso reconhecer que os programas disputados pelos dois polos políticos foram mesmo bem-sucedidos, o que se traduz em melhoria da qualidade de vida do cidadão brasileiro. Também é preciso admitir que os dois polos não têm diretrizes administrativas tão distantes. Ou seja, os dois grupos, em tese, concordam que o caminho para o crescimento é esse: continuar e avançar.
Pode ser que eles estejam certos mesmo. Mas que uma pontinha de inovação e risco pode fazer muito bem a qualquer máquina administrativa de meia-idade e muito acomodada, pode!
(transcrito de O Tempo)
13 de novembro de 2013
Carla Kreefft
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