"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quarta-feira, 13 de novembro de 2013

ALDO REBELO DIRECIONOU R$ 1,2 MILHÃO DE SUAS EMENDAS A OBRAS DA MÁFIA DO ASFALTO

Emenda de Aldo foi para grupo acusado.  Pouco antes de assumir ministério, deputado mandou ofícios especificando para onde verba deveria ir; Máfia do Asfalto acabou beneficiada

Dois meses antes de assumir o Ministério do Esporte, o então deputado federal Aldo Rebelo (PC do B) direcionou R$ 1,2 milhão de suas emendas ao Orçamento para obras em quatro municípios de São Paulo. Essas obras foram executadas por empresas da chamada Máfia do Asfalto, grupo acusado de fraudar licitações de asfaltamento em cidades do interior.

 
Sem relação. Ministro afirma que não indicou empresas - Andre Dusek/Estadão
Andre Dusek/Estadão
 
Sem relação. Ministro afirma que não indicou empresas
 
Em 2011, Rebelo enviou ao menos três ofícios ao então ministro Pedro Novais (Turismo) para destinar R$ 420 mil aos municípios de Guaraci, Lourdes e Cajobi. Cada um foi contemplado com R$ 140 mil, segundo documentos obtidos pelo Estado. Os municípios contrataram a empresa Scamatti & Seller Infraestrutura, por meio de carta-convite.
 
O Ministério das Cidades pagou outros R$ 800 mil de emenda de Rebelo para obra executada pela empreiteira Demop em Jales, também acusada de integrar o esquema. Na casa do ex-prefeito de Jales, Huberto Parini (PT), a Polícia Federal fez busca e apreensão de documentos. Ele nega irregularidades.
 
Interceptações telefônicas e documentos apreendidos pela PF, como planilhas, citam parlamentares. Num grampo, a PF flagrou o empresário Olívio Scamatti - apontado como líder da quadrilha - informando a seu interlocutor que "os 585 mil do Aldo do Esporte já estão liberados". O nome "Aldo" consta de planilhas apreendidas com integrantes do grupo suspeito associado ao sobrenome "Ribeiro" como beneficiário de dinheiro. O Ministério Público diz se tratar de "indicativo de propina".
 
Rebelo afirma que "a execução orçamentária das emendas é de exclusiva responsabilidade das prefeituras" e que não tem relações com os sócios do grupo Scamatti nem indicou as empresas para serem contratadas. O ministro disse não ter enviado ofício para o Ministério das Cidades executar sua emenda de R$ 800 mil em Jales. Mas a pasta contradiz o ministro e confirma que o pedido de liberação feito por ele existe.
 
Quando apresentam emendas para obras, geralmente os congressistas fazem um pedido genérico e depois indicam aos ministérios quais municípios pretendem beneficiar. No caso de emendas que pagaram obras do grupo Scamatti, a Procuradoria-Geral da República investiga se o direcionamento foi motivado por alguma ilegalidade.
 
Turismo. O Estado revelou nesta terça-feira, 12, que pelo menos seis deputados fizeram emendas e pediram diretamente aos ministérios a liberação de ao menos R$ 5,9 milhões para municípios que contrataram depois as empreiteiras do esquema da Máfia do Asfalto. O deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP) reiterou ontem que "o ofício pedindo a liberação da emenda é uma formalidade necessária para todas as emendas que serão empenhadas." Eleuses Paiva (PSD-SP) explicou que não conhece os responsáveis pelo Grupo Scamatti e que a prefeitura de Jales é a responsável pelas contratações. O município explica que, no caso da emenda do deputado do PSD, não houve ainda nenhum repasse a empreiteiras.
 
O deputado João Dado (SDD-SP) reafirmou, em nota oficial, que "a execução da emenda parlamentar pelo município se dá sem qualquer interveniência ou ingerência por parte do autor, ficando a cargo e responsabilidade dos órgãos Municipais todos os processos de execução do programa, aquisição ou obra, sob a supervisão e controle da CEF, Ministério respectivo e Órgãos de Controle e Fiscalização (CGU e TCU)".
 
Ao menos 30 pessoas já foram denunciadas sob acusação de participar do esquema. Eles negam irregularidades.

13 de novembro de 2013
Andreza Matais e Fabio Fabrini - O Estado de S. Paulo

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