Reportagem de Flávia Pierry, O Globo de terça-feira, revelou que o governo de Brasília aprovou edital para contratar um serviço de táxi aéreo, à base de pequeno avião a jato mas sempre com direito à salas VIP e a tratamento de bordo também de qualidade especial.
O governador Agnelo Queiroz justifica a iniciativa pela necessidade da obrigação de ter de viajar pelo país, dadas as dimensões nacionais, de modo rápido e seguro.
Não se sabe que obrigações serão essas já que Agnelo Queiroz é governador do Distrito Federal.
Imagine se os demais vinte e seis governadores alegarem as mesmas razões para seguir o exemplo e adquirirem ou contratarem aviões para se locomover de um estado para outro, ou de uma localidade para outra.
No caso do governo de Brasília, os voos podem até ser internacionais, com o mínimo de escalas possível.
PODER E SEDUÇÃO
Tudo por conta do mundo mágico do poder e da sedução de que se reveste. Este lado é tão forte, no plano psicológico quanto a despesa que acarreta no plano financeiro. È um deslumbramento, péssimo exemplo ético para a população que escolhe seus governantes para administrar e não para que se deslumbrem no universo da autoafirmação – falsa autoafirmação na verdade.
Porque o governador de Brasília não pode se transportar por via rodoviária dentro da cidade ou através de voos comerciais como fazem todos?
Não há razão explícita além de um exemplo de fascinação, como na valsa famosa. Isso de um lado.
De outro não se explica à luz da lógica quais os motivos que incluem viagens internacionais na agenda do governador. Eles podem ocorrer, mas de maneira pouco frequente, que podem ser atendidos pelo uso das linhas comerciais regulares que levam rapidamente de um ponto a outro do planeta.
A população não paga impostos, cada vez mais pesados, para isso. Se o governador precisar viajar, basta requisitar as passagens e diárias. Se deseja convidar outras pessoas não incluídas em sua equipe, use seus recursos próprios para tal.
Não recursos públicos. São gastos assim que, multiplicados, levam à perda sensível de parte das receitas, diminuindo a capacidade do poder público de investir mais em saúde e educação e também realizar os investimentos reprodutivos de que o país exige e a população espera. Espera e, habitualmente, de quatro em quatro anos, ouve a repetição das promessas. Os eleitores vão às urnas em busca de esperança.
A que se volta para a realização dos compromissos de campanha. Não para que os que pediram seus votos, ontem, amanhã os utilizem para uso pessoal do poder, transformando-o de instrumento de ação social e econômica coletiva numa ponte pessoal para o luxo e a ostentação.
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