Acontece que os crimes são cometidos contra a verdade, nos mais diversos campos, e os cadáveres acabam entrando no cálculo da última batalha da lista acima, a ideológica.
Mas não é ele um candidato de oposição ao Planalto sentado numa cadeira de senador? E qual é o projeto principal de um parlamentar? A reeleição. Na gestão pública brasileira, seja no Executivo ou no Legislativo, são todos eternos candidatos. Melhor, são soldados nessa guerra fria partidária de dois lados.
A militância se desvirtuou em campanha constante, e o compromisso com a verdade é prescindido em favor do prioritário projeto de poder. São diversos os “fronts” explorados pelas milícias partidárias. A passeata contra a corrupção recebe gente infiltrada. Cartazes e pichações nos muros dizem mais do que as palavras expressam.
No mercado editorial, livros com capa e discurso sérios fazem panfletagem deslavada para um lado ou para outro. Gráficos e séries estatísticas atestam qualquer tese que se queira demonstrar – números são dados virgens, conteúdo em estado bruto e de matéria maleável.
CAMPO ABERTO
A um ano da eleição, a indústria do dossiê opera a todo vapor, sem dúvida, e os guerrilheiros digitais, sejam mercenários ou militantes, se ainda não se armaram, breve começarão a plantar suas minas em blogs e fan pages arquitetadas para parecer independentes. Nessa guerra, perdemos todos, inclusive nós, que militamos por um jornalismo sério.
O bombardeamento é geral, e, admite-se, fica difícil ter convicção sobre Mais Médicos, black blocs, mensalão e Amarildos. Resta a desconfiança, baliza firme, de que a verdade, essa musa inatingível, é muito mais complexa do que dois lados insistem em nos convencer.
(transcrito de O Tempo)
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