"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

ROMPIMENTO DO PSB COM O GOVERNO IRÁ ALÉM DA ENTREGA DE CARGOS - DIZ CAMPOS

Em jantar ontem à noite com aliados, o presidente do partido afirmou ter adiantado a Lula a decisão a ser anunciada ainda hoje e declarou estar aliviado
  • Sobre uma possível reação indignada da presidente e do PT, o governador de Pernambuco foi taxativo: ‘Não fui educado para ter medo’

O governador de Pernambuco, Eduardo Campos, e a presidente Dilma Rousseff Foto: Hans von Manteuffel / O Globo
O governador de Pernambuco, Eduardo Campos, e a presidente Dilma RousseffHANS VON MANTEUFFEL / O GLOBO
 
Foi feito um strike e todos os pinos foram derrubados. Essa foi a imagem usada ontem à noite, em encontro com aliados mais próximos do PSB, pelo governador de Pernambuco, Eduardo Campos, para explicar que o rompimento que hoje será anunciado de uma aliança de 10 anos e nove meses com o PT não se resume a simples entrega dos cargos na Esplanada. Para ele, para evitar uma confusão na cabeça do eleitor, é preciso ficar claro que o PSB está deixando o governo, não é mais governo e agora vai ser solidário e apoiar apenas no que for de interesse do pais.
 
Campos fez questão de cumprir o ritual de comunicar a decisão ao ex-presidente Lula, sem deixar espaço para pedidos de reconsideração. A conversa, antes da oficialização, foi uma deferência a Lula, pois Campos não queria que o ex-presidente soubesse da decisão por outros meios. Também conversou com o secretário especial da presidente Dilma Rousseff, Giles Azevedo, e expôs o que será oficializado agora de manhã em reunião da Executiva nacional do PSB. Mas um encontro vai depender dela.
 
Na conversa de ontem à noite num jantar que entrou pela madrugada, ao lado da esposa, dona Renata, que o acompanha neste momento mais delicado, Campos tranquilizava os aliados quanto à possibilidade de uma reação mais irada da presidente Dilma e do PT: “Não fui educado para ter medo. Fui educado com valores, para ter responsabilidade”.
 
Os socialistas comemoraram o que chamaram de “importante sentimento de liberdade” depois de um ano de constrangimentos e cobranças por parte do PT, PMDB e do Planalto. Consideram que os conselheiros de Dilma avaliaram mal e foram surpreendidos pelo desembarque neste momento. Mas não acham que haverá uma revanche, pois a ala liderada pelo ex-presidente Lula ainda espera uma aliança de apoio a Dilma num eventual segundo turno em 2014.
 
— Este é um momento de redução de danos. Acho que vão criar mais juízo. O presidente Lula já tinha avisado e não lhe ouviram: ‘não cutuquem Eduardo porque esse aí eu conheço’. Ele queria fazer a coisa de forma amigável, deixando passar o prazo de filiação partidária para conversar — comentou Eduardo na conversa de ontem à noite com os interlocutores.
 
— Combinaram mal. Não esperavam o rompimento com o PSB agora. Mas saímos na hora certa. Esperamos a presidente Dilma ficar forte de novo, depois da queda de junho. Agora ela está tão forte que está até brigando com o Obama — brincou o líder do PSB na Câmara, deputado Beto Albuquerque (RS).
 
E agora, qual será o próximo passo? Campos não teme um ataque maior do PT e do governo federal aos governadores do partido ou aos eventuais apoios que vêm sendo costurados em sua pré-candidatura a presidente em 2014. Acha que chegou a hora de todos os atores, dentro e fora do partido, inclusive os irmãos Ferreira Gomes, “botarem as fichas que têm na mesa”.
 
— Não tem essa estória de preferir este ou aquele. Agora cada um tem que enfrentar a realidade como ela é — comentou Campos no encontro com os aliados, referindo-se, inclusive à preferência da presidente Dilma e do PT de ter o tucano Aécio Neves como adversário, e não ele.
 
Para “fazer tudo direitinho”, depois da reunião preliminar com integrantes da cúpula do PSB, Campos também se reuniu com o ministro dos Portos, Leônidas Cristino, para lhe avisar que a Executiva chancelaria hoje a decisão de entregar os cargos. Ao contrário do que se previa, o indicado dos Ferreira Gomes não se opôs. Disse que concordava, porque se sentia numa situação constrangedora de ser tachado como “adesista”, em contraponto com o ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra Coelho, da cota de Campos no governo.
 
De licença médica para realizar uma cirurgia no olho, em São Paulo, o ministro Fernando Bezerra fez os exames preliminares, mas retornará a Brasília hoje para participar da reunião da Executiva. Volta em seguida a São Paulo e, depois da cirurgia, cumprirá a tarefa de entregar a carta de demissão.
 
— Estamos todos aliviados de vencer essa etapa. O PSB é o primeiro partido, em 10 anos e meio de governo, que tem coragem de entregar os cargos e partir para seu projeto próprio. O próximo passo? Fazer o PSB crescer — comentou Campos, antevendo o pós-rompimento da aliança com o PT.
 
18 de setembro de 2013
O Globo

Um comentário:

  1. Acho que foi oportuna para o momento em que vivi o país, espero que seja para fortalecer a democracia do Brasil, ficarei atento as propostas, e tenham certeza, de que só darei o meu voto, para aquele partido que não gosta de enganar o povo, e busca mudanças concretas na educação.

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