O marqueteiro de confiança do presidente Michel Temer e responsável pelos programas partidários do PMDB, Elsinho Mouco, passou a ocupar uma sala em um local privilegiado no Palácio do Planalto, com visão para a Praça dos Três Poderes. A presença física de Elsinho Mouco, com espaço no quarto andar do Planalto, tem gerado forte desconforto entre assessores de Temer, justamente pelo fato de ele ser um marqueteiro, não um servidor do governo.
Desde 1º de agosto, Mouco foi contratado como diretor de conteúdo pela agência de comunicação Isobar para cuidar da estratégia digital do governo, substituindo Daniel Braga, que comandou as redes sociais do prefeito de São Paulo, Joao Doria, durante a campanha em 2016.
DIVERGÊNCIA – Segundo relatos, a presença de Mouco ampliou a divergência interna sobre o rumo da comunicação do governo, num momento de desaprovação recorde de Temer, que tem apenas 3% de “ótimo” e “bom”, segundo a última pesquisa Ibope encomendada pela CNI.
Procurado pelo Blog, Mouco disse que esse setor de comunicação digital tem sala no Planalto desde que seu antecessor, Daniel Braga, era o “atendimento” da conta.
“Quando chegamos, em 1º de agosto desse ano, a equipe de redes sociais ficava no 3º andar, a 30 metros do presidente. Nós que sugerimos a mudança”, informou. “Transferimos a estrutura de apoio para o 4º andar, próximo à Secretaria-Geral. O ministro Moreira Franco é quem cuida, diretamente, da comunicação digital.”
TERCEIRIZADOS – Questionado sobre o fato de não ser servidor, e mesmo assim ter uma sala no Planalto, Elsinho citou o serviço de outros terceirizados. “Tem vários terceirizados da área da limpeza, segurança, serviço de manutenção de ar condicionado. Todo mundo precisa ter uma estrutura. Preciso fazer vários posts [nas redes sociais] por dia. Preciso estar próximo do presidente”, disse Mouco.
Ele também admitiu que há um “problema” na comunicação do governo: “Fui convocado porque tem problema”. E defendeu o contrato dele na agência Isobar para prestar serviços ao governo Temer. “Tenho contrato porque preciso. Outros marqueteiros não precisavam porque tinham contratos na Venezuela, na República Dominicana e outros países”, disse Mouco numa citação indireta ao marqueteiro dos governos Lula e Dilma, João Santana, condenado na Lava Jato.
COMISSÃO DE ÉTICA – Ao repórter Nilson Klava, da GloboNews, o presidente da Comissão de Ética Pública da Presidência, Mauro Menezes, declarou: “Não convém à administração pública admitir em seu âmbito agentes que não estejam submetido ao seu controle. A presença de agente externo deve ser ocasional, não podendo ocupar o espaço público de forma ordinária.”
E na manhã desta sexta-feira (27), depois de publicada esta postagem, Elsinho Mouco entrou em contato com o Blog para dar mais esclarecimentos a respeito de ocupar uma sala no Palácio do Planalto:
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DIREITO DE CUIDAR DA IMAGEM
Elisinho Mouco
DIREITO DE CUIDAR DA IMAGEM
Elisinho Mouco
“O presidente Temer e o governo têm o direito de cuidar da sua imagem. E faz isso pela imprensa, por pesquisas, pelo off-line e pelo on-line. E quem participa dessa equipe fica onde? Fica no governo. Terceirizados ou não trabalham onde? No governo.
E essas pessoas de confiança têm que perfil? Necessariamente tem que ser pessoas de confiança. Não pode ou não deve, por exemplo, o Jean Willys atender o digital do governo. Por que não? Porque ele não tem o mesmo posicionamento nem uma relação com o governo que permite desenvolver ou trabalha na linha estratégica que o governo ou o governante quer.
Aliás, entre a TV1 e a Isobar, nós somos mais de 10 terceirizados que ocupamos um posto de trabalho. Não temos porta-retrato na mesa, não deixamos uma gravata de reserva pendurada no cabideiro. É uma posição de atendimento, transitória.
As empresas de assessoria de imprensa que têm contrato com o governo mantêm um jornalista em cada ministério porque isso é produtivo. Imagina esse atendimento à distância.
Médico pode cuidar do coração de diferentes presidentes, de diferentes pensamentos políticos. O Dr Kalil faz isso muito bem. Já na comunicação cada presidente tem seu coração, tem sua particularidade, tem sua equipe de confiança. O remédio que serve para um, pode não servir para outro. A Dilma confia em quem acredita nela. O FHC trabalhou com gente que ele confiava. O mesmo acontece com o governo do presidente Temer. O chefe da comunicação do governo é um ministro da confiança do presidente. O chefe da imprensa do governo brasileiro é o Marcio Freitas porque ele está junto ao presidente por muito tempo. Tem a memória e a confiança do presidente.
As empresas terceirizadas de comunicação digital tem contrato com o governo desde governos anteriores, agora, o atendimento é de acordo com a necessidade e a confiança do presidente de plantão.”
02 de novembro de 2017
Gerson Camarotti
G1 Brasília
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