"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quinta-feira, 2 de novembro de 2017

BARRAR DENÚNCIA DE TEMER NÃO MUDA QUADRO PARA 2018, DIZEM CIENTISTAS POLÍTICOS

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A expectativa dos eleitores em relação à classe política é tão baixa que o fato de a Câmara dos Deputados ter barrado o prosseguimento da denúncia contra o presidente Michel Temer não deve ter impacto eleitoral significativo. É a opinião do cientista político Claudio Gonçalves Couto, da Fundação Getúlio Vargas de São Paulo.
Professora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Silvana Krause também não acha que essa votação deve mudar o quadro para 2018, e vê razões anteriores a este governo para isso. “O descolamento da população brasileira da representação política não é novidade. A grande maioria do eleitor brasileiro esquece em quem votou”, diz ela.
Ambos falaram brevemente com a Folha — o primeiro, enquanto a votação ainda acontecia, e a segunda, logo após o resultado. Eles participavam de congresso da Anpocs (Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais), em Caxambu (MG).
ULTRAJE COMUM – “É mais um episódio que as pessoas vão repudiar, num governo que não tem mais para onde cair. [Os deputados] não estão tomando uma decisão inesperada. Ela é ultrajante, mas a gente já está acostumado ao ultraje”, diz Gonçalves Couto.
Ambos acham que a vitória de Temer reflete o espírito corporativo do Congresso. “Essa votação teve mais a ver com um pacto de autoproteção da classe”, diz Krause.
“Temer é uma criação orgânica da classe política. Ele expressa essa classe como ninguém, o que gera solidariedade. ‘Ele é um dos nossos’, dizem. Sendo assim, faz sentido que tenha proteção”, opina Gonçalves Couto.
NADA DE NOVO – Os dois também concordam que o fato de Temer ter conseguido barrar a denúncia contra si não significa que seu governo conseguirá passar as reformas que prometeu.
Gonçalves Couto acha que a reforma da Previdência, por exemplo, que é uma medida impopular, “já subiu no telhado”. “É muito pouco provável que ele aprove qualquer coisa, inclusive pelo timing. Ninguém vai querer votar reforma da Previdência a um ano da eleição”, opina.
O cientista político também identifica alguns fatores que, na visão dele, explicam por que não houve protestos contra o presidente, tanto de movimentos associados à direita quanto da esquerda.
TELHADO DE VIDRO – Para a esquerda, é uma questão estratégica. “Não interessa levar multidões à rua agora e aí ter outro [presidente] ao qual você não consegue fazer oposição tão facilmente. É mais fácil fazer oposição ao Temer”, diz Gonçalves Couto. Além disso, a esquerda também tem teto de vidro. “Como é que você vai chamar pessoas contra o Temer estando você mesmo maculado por uma série de problemas?”, pergunta ele.
Já para a direita, há, segundo Gonçalves Couto, uma lógica de “‘antes os nossos corruptos que os deles'”. E acrescenta: “Mesmo se ele não estivesse tentando passar as reformas, é um governo que valoriza a família, que não vai implementar ‘kit gay’, enfim.”
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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – A sucessão de 2018 é outro departamento e ainda está no ar, como os aviões de carreira, diria o Barão de Itararé. (C.N.)

02 de novembro de 2017
Luiza Franco
Folha

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