"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

quinta-feira, 2 de novembro de 2017

DISPUTAR ELEIÇÃO É MUITO MAIS COMPLICADO DO QUE REFORMAR A LATA VELHO DO HUCK


Charge do Veronezi (Arquivo Google)
Foi-se o tempo em que Luciano Huck recorria a modelos seminuas para empinar a audiência. Esperto, o apresentador farejou a mudança do vento e trocou o chicote da Tiazinha pelo marketing da caridade. Passou a distribuir dinheiro, reformar casa, promover casamento. Deu uma cara nova ao velho assistencialismo televisivo.
Agora Huck flerta com outro personagem: o de presidenciável. “Quero e vou participar deste processo de renovação política no Brasil”, afirma, em artigo publicado pela Folha na quarta-feira. Como os profissionais do ramo, ele evita revelar seus próximos passos. “Fora do dia a dia da política, minha contribuição pode ser mais efetiva”, desconversa.
QUATRO PARTIDOS – O apresentador se movimenta sem muita discrição. Ele tem conversado com quatro partidos: DEM, PPS, Rede e Novo. Nas últimas semanas, recebeu ao menos dois ministros do governo Temer. Um interlocutor diz que ele é cauteloso, mas demonstra “muita vontade” de se lançar. A ideia ganhou força com o desgaste de João Doria, que surfou a onda da antipolítica em 2016.
Há seis meses, o Datafolha testou o nome de Huck num cenário com dez presidenciáveis, e o apresentador ficou com apenas 3% das intenções de voto. Seus amigos apostam num crescimento rápido se ele assumir a candidatura até abril de 2018.
ROSTO SIMPÁTICO – Os entusiastas da ideia dizem que o apresentador daria um rosto simpático ao discurso impopular das reformas. Seria uma boia para os náufragos do governo Temer e do PSDB. Ao mesmo tempo, ele teria potencial para “entrar no Nordeste” e disputar votos nas bases do lulismo.
A aventura seria mais arriscada para o próprio Huck, que teria que abrir mão de contratos milionários e da paz das celebridades. Nos últimos dias, ele já passou a ser cobrado pela proximidade com figuras como Aécio Neves, Sérgio Cabral e Eike Batista. Explicar essas amizades numa campanha pode ser mais difícil do que consertar uma lata velha na TV.

02 de novembro de 2017
Bernardo Mello Franco
Folha

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