"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

domingo, 10 de julho de 2016

O PODER DA MÁFIA

O Brasil demorou a tomar iniciativas concretas para combater as organizações criminosas, pois as leis eram tímidas diante da escalada do crime. O Código Penal, no artigo 288, contemplava apenas o crime de formação de quadrilha ou bando, porém, depois apareceu a lei da “lavagem de dinheiro” e em seguida surgiu a lei das organizações criminosas com a possibilidade, em 2013, da “colaboração premiada”...

O juiz antimáfia italiano Giovanni Falcone (1939-1992) foi o principal magistrado na famosa “Operação Mãos Limpas” e ouviu do mafioso Tommaso Buscetta (1928-2000) no seu primeiro depoimento após ser preso: “O advirto, senhor juiz. Depois deste interrogatório será uma celebridade, mas procurarão destruí-lo física e profissionalmente. Comigo farão o mesmo. Não esqueça que a conta que abriu com a ‘Cosa Nostra’ nunca se encerrará”. Falcone foi assassinado covardemente a mando do chefe (capo) da ‘Cosa Nostra’ Totó Riina, em 23 de maio de 1992, mas Riina acabou preso, porém, a máfia italiana continuou firme e forte...

No livro que reúne as entrevistas do juiz Falcone, “Coisas da Cosa Nostra”, Ed. Rocco, ano 2012, pág. 186/187, Falcone revela: “(...) Esses homicídios excelentes [de pessoas importantes], sobre os quais não se tem um completo esclarecimento, alimentaram a ideia do ‘terceiro nível’, entendendo-se com isso que existiria uma rede acima da Cosa Nostra, na qual se esconderiam os verdadeiros responsáveis pelos assassinatos, uma espécie de super comitê, constituído por políticos, maçons, banqueiros, altos burocratas do Estado e capitães da indústria, de onde partiriam as ordens para a Cúpula [da máfia]”. Na pág. 189, Falcone mostra o poder da máfia no pós-Segunda Guerra: “(...) 

Acredito que a Cosa Nostra esteja envolvida em todos os acontecimentos importantes da vida siciliana, a começar pelo desembarque [dos] aliado na Sicilia durante a Segunda Guerra Mundial e pelas nomeações de prefeitos mafiosos depois da Libertação”. Somos todos Falcone...


10 de julho de 2016
Luís Olímpio Ferraz Melo é advogado e psicanalista

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