O Ministério Público junto ao TCU (Tribunal de Contas da União) pediu a abertura de investigação que atinge o escritório de advocacia de Tiago Cedraz, filho do presidente do tribunal, Aroldo Cedraz. O pedido, assinado pelo procurador Júlio Marcelo de Oliveira, diz que há fatos de “extrema gravidade e materialidade” nas contas do Sesc-RJ (Serviço Social do Comércio), abastecida com dinheiro público, e da Fecomercio-RJ (Federação do Comércio do Estado do Rio).
O procurador se baseou em auditoria do conselho fiscal do Sesc que aponta gastos de R$ 108,9 milhões com serviços advocatícios de dezembro de 2015 a março de 2016, na gestão de Orlando Diniz. O relatório diz que parte das despesas não têm documentos comprobatórios ou foge às finalidades da instituição.
O Sesc é abastecido com recursos de contribuições compulsórias arrecadas pela União. Os recursos eram transferidos do Sesc-RJ para a Fecomercio-RJ fazer o pagamento dos escritórios. Orlando Diniz preside as duas entidades.
ESCLARECIMENTOS – Sobre o escritório de Cedraz, o procurador pede esclarecimentos sobre a emissão de nota de R$ 9,6 milhões para a Fecomercio-RJ e o seu cancelamento após 20 minutos.
A auditoria aponta que o Sesc-RJ transferiu R$ 6,1 milhões à Fecomercio-RJ para o custeio da despesa depois que a nota fiscal já havia sido cancelada. Diz, portanto, que a transferência foi realizada “sobre documento inábil”.
Filho do presidente do TCU, Cedraz é investigado no Supremo Tribunal Federal, em desdobramento da Lava Jato, sob suspeita de ter sido contratado para fornecer informações privilegiadas em um processo da usina de Angra 3.
Ele nega as acusações e diz que não foi contratado para atuar no TCU.
OUTRO LADO
Em nota, a Fecomercio-RJ disse que vai prestar informações aos órgãos competentes e que as contas foram “sempre devidamente aprovadas” pelo conselho de representantes.
O escritório Cedraz Advogados afirma que foi contratado pela Fecomercio-RJ para atuar em processos no Superior Tribunal de Justiça, na Justiça Federal e na Justiça Estadual do Rio.
Disse ainda que não recebeu valores pela nota cancelada e que não pode ser alvo de investigação do TCU porque a Fecomercio-RJ não se submete à jurisdição do tribunal.
10 de julho de 2016
Aguirre Talento
Folha
Nenhum comentário:
Postar um comentário