Resultado de uma polarização de anos, crescente e infrutífera, o PT e as áreas mais progressistas do PSDB contribuíram juntos para isso.
COALIZÕES CONSERVADORAS –Em seus últimos governos, os dois partidos acabaram se entregando e compondo com setores arcaicos do sistema político para governar, dando impulso à vaga conservadora. O PSDB se apoiou no antigo PFL (hoje DEM). O PT, em uma miríade de pequenos partidos mais à direita e no PMDB, que acabou por lhe tirar o poder.
Com Dilma, o espaço concedido e capturado por deputados e partidos mais regressistas cresceu à medida que seu governo se sentia ameaçado e se rendia em busca de apoio.
Sobretudo até o fim de sua simbiose, em dezembro passado, com um Eduardo Cunha que se segurava na presidência da Câmara com o apoio do Planalto enquanto capitaneava vários dos projetos de lei e emendas à Constituição que agora avançam.
CORRUPÇÃO EM SÉRIE – Por fim, os escândalos de corrupção envolvendo o PT também acabaram por encorajar e estimular setores à direita a agir com mais ímpeto e celeridade.
O resultado é uma lista crescente de projetos considerados retrógrados tramitando no Congresso, manifestações ruidosas em apoio a gente como Jair Bolsonaro e fenômenos como a indicação (revertida depois) de um general da reserva defensor do golpe de 1964 à presidência da Funai de Temer.
Na lista de matérias que avançaram em comissões especiais e no plenário da Câmara, que muitos veem como uma ofensiva conservadora, constam:
– relaxamento para o porte e aquisição de armas de fogo;
– transferir do governo federal e da Funai para o Congresso a responsabilidade na demarcação de terras indígenas;
– restrição do atendimento a vítimas de estupro;
– flexibilização do conceito de trabalho escravo;
– projeto que determina que a família é formada exclusivamente por homens e mulheres, entre vários outros.
– relaxamento para o porte e aquisição de armas de fogo;
– transferir do governo federal e da Funai para o Congresso a responsabilidade na demarcação de terras indígenas;
– restrição do atendimento a vítimas de estupro;
– flexibilização do conceito de trabalho escravo;
– projeto que determina que a família é formada exclusivamente por homens e mulheres, entre vários outros.
10 de julho se 2016
Fernando Canzian
Folha
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