Mergulhado numa paralisante crise política, econômica, social e moral, cuja persistência pode significar um enorme retrocesso no trabalho de construção de uma sociedade livre, próspera e justa, o Brasil se prepara para remover o entulho do passado recente que tem obstruído o processo político e prejudicado a retomada do crescimento econômico em benefício da justiça social.
Esse entulho tem nome duplo: Dilma Rousseff e Eduardo Cunha. O definitivo afastamento de ambos da vida pública, mediante a cassação de seus mandatos, terá ainda o efeito simbólico de uma vitória dos brasileiros sobre a corrupção disseminada por ambos, cada uma a seu modo: Dilma na condição de chefe de um governo comprometido com o objetivo duplo de beneficiar com o desvio de recursos públicos um projeto partidário de poder e também enriquecer seus principais líderes e aliados; Eduardo Cunha, no comando da Câmara dos Deputados, responsável pela cooptação de companheiros de mandato para acumular poder e, assim, beneficiar-se de recursos públicos.
Uma e outro, inimigos figadais, ironicamente se unirão em breve no mesmo destino: o exílio político. Já é um avanço e tanto.
A cassação dos mandatos de Dilma Rousseff e Eduardo Cunha torna-se praticamente inevitável em grande medida pelo fato de os dois já terem sido julgados e condenados pela opinião pública, como comprovam, para além de qualquer dúvida, todas as pesquisas de opinião. Ambos são repudiados pela grande maioria dos brasileiros.
Em comum Dilma e Cunha têm a desfaçatez com que subestimam o discernimento dos brasileiros, aos quais agridem com a cínica negação de suas responsabilidades pelos crimes que lhes são atribuídos. É verdade que contra a presidente afastada não pesa suspeita de ter-se locupletado com a corrupção.
A cassação dos mandatos de Dilma Rousseff e Eduardo Cunha torna-se praticamente inevitável em grande medida pelo fato de os dois já terem sido julgados e condenados pela opinião pública, como comprovam, para além de qualquer dúvida, todas as pesquisas de opinião. Ambos são repudiados pela grande maioria dos brasileiros.
Em comum Dilma e Cunha têm a desfaçatez com que subestimam o discernimento dos brasileiros, aos quais agridem com a cínica negação de suas responsabilidades pelos crimes que lhes são atribuídos. É verdade que contra a presidente afastada não pesa suspeita de ter-se locupletado com a corrupção.
O fundamento do pedido de seu impeachment são crimes de responsabilidade no exercício do mandato presidencial. Mas como acreditar que seja “uma mulher honesta” quem passou mais de seis anos na chefia de um governo que surge como o mais corrupto de que se tem notícia na História do Brasil?
Eduardo Cunha, por sua vez, convive com claras evidências de corrupção desde seus primeiros passos na vida pública. Nem mesmo o grande serviço que prestou ao País com a decisão de aceitar, como presidente da Câmara, o início da discussão do processo de impeachment de Dilma decorreu de um sentimento de grandeza ou da percepção da gravidade do momento.
Eduardo Cunha, por sua vez, convive com claras evidências de corrupção desde seus primeiros passos na vida pública. Nem mesmo o grande serviço que prestou ao País com a decisão de aceitar, como presidente da Câmara, o início da discussão do processo de impeachment de Dilma decorreu de um sentimento de grandeza ou da percepção da gravidade do momento.
Foi motivado pelo fato de não ter logrado um acordo com o Planalto para evitar o processo de cassação de seu próprio mandato, que sempre colocou a serviço de seus escusos interesses pessoais.
Tão grave e prejudicial ao País quanto os crimes pelos quais Dilma e Cunha respondem é o fato de a permanência de ambos na cena política estar obstruindo o processo do urgente retorno à normalidade institucional, condição para que o governo interino possa apresentar e colocar em execução as providências e ações reestruturantes – as mais importantes das quais dependem de aprovação pelo Congresso – necessárias ao saneamento das finanças públicas e à retomada do crescimento da economia.
Tão grave e prejudicial ao País quanto os crimes pelos quais Dilma e Cunha respondem é o fato de a permanência de ambos na cena política estar obstruindo o processo do urgente retorno à normalidade institucional, condição para que o governo interino possa apresentar e colocar em execução as providências e ações reestruturantes – as mais importantes das quais dependem de aprovação pelo Congresso – necessárias ao saneamento das finanças públicas e à retomada do crescimento da economia.
Por exemplo, enquanto o impeachment não for finalmente julgado pelo Senado, o governo interino corre o risco de permanecer refém dos interesses políticos que podem influir na obtenção da maioria qualificada de votos necessários à aprovação da medida que transformará Michel Temer de substituto em sucessor de Dilma Rousseff.
A interinidade é um óbvio obstáculo ao pleno desenvolvimento das ações do governo. A principal evidência disso é a obstinada tentativa da oposição lulopetista de prorrogá-la ao máximo para desgastar a equipe e o comando de Temer.
A interinidade é um óbvio obstáculo ao pleno desenvolvimento das ações do governo. A principal evidência disso é a obstinada tentativa da oposição lulopetista de prorrogá-la ao máximo para desgastar a equipe e o comando de Temer.
Lula e Dilma, principalmente ela, esforçam-se para manter a impressão de que continuam lutando contra o “golpe”, mas sabem que a guerra está perdida e não abrem mão do boicote revanchista ao governo provisório.
Cansado e impaciente com a crise política que há pelo menos um ano e meio paralisa o governo, o País almeja livrar-se de todo o entulho que o impede de deixar o passado para trás e olhar para o futuro com alguma esperança. Dilma e Cunha fazem parte desse passado.
12 de julho de 2016
Editorial Estadão
Cansado e impaciente com a crise política que há pelo menos um ano e meio paralisa o governo, o País almeja livrar-se de todo o entulho que o impede de deixar o passado para trás e olhar para o futuro com alguma esperança. Dilma e Cunha fazem parte desse passado.
12 de julho de 2016
Editorial Estadão
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