Como era previsto, não há a mínima condição de reverter a votação inicial do Senado e evitar em agosto o impeachment definitivo da presidente Dilma Rousseff. Apesar de todo o esforço desenvolvido nos últimos dois meses, com participação do ex-presidente Lula da Silva, dos principais parlamentares e dos dirigentes do PT, não foi possível reverter nenhum dos 55 votos que os senadores deram a favor do impeachment, dia 12 de maio. Naquela oportunidade, houve apenas 22 votos contra o afastamento de Dilma e já se sabe que alguns deles agora serão a favor, porque a caneta do poder trocou de mãos e Dilma virou carta fora do baralho, conforme ela própria previra.
Como diria o governador mineiro Benedito Valadares, Dilma não pode mais nomear nem demitir, assim como não pode mais prender nem mandar soltar. Portanto…
NOVA ESTRATÉGIA – Diante da impossibilidade de recuperar o mandato da presidente, a estratégia agora visa a tentar salvar Lula e evitar que o partido seja demolido junto com ele. As eleições municipais se aproximam e a única coisa certa é que o PT não terá mais aquele extraordinário volume de doações de empreiteiras e de outras empresas ligadas ao partido. A nova legislação não permite patrocínio de pessoas jurídicas e está difícil imaginar que os empresários se arrisquem em novos esquemas de Caixa 2.
É claro que a importância do PT tende a diminuir, mas sua sobrevivência não está ameaçada, mesmo que Lula não consiga escapar da prisão. Na verdade, reestruturar o PT é uma possibilidade altamente factível, devido às ligações estreitas do partido com as maiores centrais e sindicatos de todo o país, além dos movimentos sociais e organizações como MST, UNE e MTST (este, criado e mantido pelo PCdoB).
SALVAR LULA? – O problema é conseguir salvar Lula, uma missão verdadeiramente impossível, pois as acusações e provas contra ele estão se acumulando progressivamente nas mãos do juiz Sérgio Moro.
Por paradoxal que possa parecer, se Lula for preso, conforme tudo indica que acontecerá, o PT poderá até se beneficiar, porque a vitimização de seu maior líder certamente unirá o partido e suas bases trabalhistas.
De toda forma, o PT se tornará um partido sem fortes lideranças, pois não houve renovação de quadros dirigentes e o mais provável é que até 2018 Lula já esteja com ficha suja e não mais exista partidariamente, pois estará com os direitos políticos suspensos.
DEPENDE DO SUPREMO – Tudo isso, é claro, depende do Supremo, pois alguns de seus membros têm investido abertamente contra a operação Lava Jato. Se o tribunal retroceder e continuar soltando os criminosos do colarinho branco, sob alegação de que os processos contra eles ainda não transitaram em julgado, e isso se tornar jurisprudência, a Lava Jato estará completamente esvaziada.
Se acontecer essa calamidade jurídica, facilmente poderão ser recompostos os cartéis de empreiteiros e de fornecedores de bens e serviços ao poder público, e o país seguirá no rumo do caos e da esculhambação institucional.
Tudo depende do Supremo, repita-se, e só falta um voto para destruir a Lava Jato. Os ministros Ricardo Lewandowski, Marco Aurélio Mello, Rosa Weber, Dias Toffoli e Celso de Mello já se manifestaram abertamente a favor da libertação dos réus do juiz Sérgio Moro. Portanto, só falta um voto.
12 de julho de 2016
Carlos Newton
Como diria o governador mineiro Benedito Valadares, Dilma não pode mais nomear nem demitir, assim como não pode mais prender nem mandar soltar. Portanto…
NOVA ESTRATÉGIA – Diante da impossibilidade de recuperar o mandato da presidente, a estratégia agora visa a tentar salvar Lula e evitar que o partido seja demolido junto com ele. As eleições municipais se aproximam e a única coisa certa é que o PT não terá mais aquele extraordinário volume de doações de empreiteiras e de outras empresas ligadas ao partido. A nova legislação não permite patrocínio de pessoas jurídicas e está difícil imaginar que os empresários se arrisquem em novos esquemas de Caixa 2.
É claro que a importância do PT tende a diminuir, mas sua sobrevivência não está ameaçada, mesmo que Lula não consiga escapar da prisão. Na verdade, reestruturar o PT é uma possibilidade altamente factível, devido às ligações estreitas do partido com as maiores centrais e sindicatos de todo o país, além dos movimentos sociais e organizações como MST, UNE e MTST (este, criado e mantido pelo PCdoB).
SALVAR LULA? – O problema é conseguir salvar Lula, uma missão verdadeiramente impossível, pois as acusações e provas contra ele estão se acumulando progressivamente nas mãos do juiz Sérgio Moro.
Por paradoxal que possa parecer, se Lula for preso, conforme tudo indica que acontecerá, o PT poderá até se beneficiar, porque a vitimização de seu maior líder certamente unirá o partido e suas bases trabalhistas.
De toda forma, o PT se tornará um partido sem fortes lideranças, pois não houve renovação de quadros dirigentes e o mais provável é que até 2018 Lula já esteja com ficha suja e não mais exista partidariamente, pois estará com os direitos políticos suspensos.
DEPENDE DO SUPREMO – Tudo isso, é claro, depende do Supremo, pois alguns de seus membros têm investido abertamente contra a operação Lava Jato. Se o tribunal retroceder e continuar soltando os criminosos do colarinho branco, sob alegação de que os processos contra eles ainda não transitaram em julgado, e isso se tornar jurisprudência, a Lava Jato estará completamente esvaziada.
Se acontecer essa calamidade jurídica, facilmente poderão ser recompostos os cartéis de empreiteiros e de fornecedores de bens e serviços ao poder público, e o país seguirá no rumo do caos e da esculhambação institucional.
Tudo depende do Supremo, repita-se, e só falta um voto para destruir a Lava Jato. Os ministros Ricardo Lewandowski, Marco Aurélio Mello, Rosa Weber, Dias Toffoli e Celso de Mello já se manifestaram abertamente a favor da libertação dos réus do juiz Sérgio Moro. Portanto, só falta um voto.
12 de julho de 2016
Carlos Newton
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