Uma atividade rotineira com pacientes da Colônia Psiquiátrica Doutor Belzebú Bezerra acabou de modo inusitado esta semana, graças à divulgação indevida de um vídeo em que uma paciente é “entrevistada”.
Deveras parecida com a renomada filósofa Marilena Chauí, Giselda Gisele Guedes da Glória, 56 anos, que se encontra internada no estabelecimento desde meados da década de 1990 com diagnóstico de esquizofrenia, aparece num vídeo gravado durante uma sessão de “Lúdicoterapia”, afirmando que o juiz federal Sérgio Moro foi treinado pelo FBI para entregar o pré-sal aos Estados Unidos.
O método “lúdicoterapeutico”, segundo a direção da instituição, se baseia em estimular os pacientes a exporem suas impressões do mundo.
“Muitos pacientes apresentaram progressos em seus diagnósticos graças a este método, pois ao verbalizarem suas impressões sobre a realidade objetiva, uma hora vão se dar conta que estão viajando na maionese e, por conseguinte, vão notar que são doidos e se auto-curar”, explica o Doutor em psicanálise, Mário Moreira de Moura Moraes Magalhães, que trabalha na clínica desde a fundação.
A direção da clínica não sabe informar como o vídeo foi divulgado, mas pretende abrir sindicância para identificar os responsáveis.
“Dona Giselda tem melhorado muito desde que o método foi adotado, mas isso não significa que as opiniões dela devam ser levadas a sério, sobretudo confundindo-a com uma conceituada professora universitária”, esclarece Doutor Mário.
Ele informou à nossa reportagem que alguns ex-pacientes já receberam alta e hoje vivem uma vida normal, embora tenham recaídas esporádicas.
“Antigamente todo doido dizia que era Napoleão. Hoje em dia os doidos têm teorias envolvendo FBI, CIA etc. Dona Giselda não é a única a ter pesadelos com o FBI e CIA. Há anos um paciente daqui recebeu alta e se elegeu deputado federal. De vez em quando ele vem com essa conversa de que a CIA está conspirando contra ele e seus amigos. As alucinações são um efeito colateral natural dos remédios”, diz o médico.
O referido profissional se disse “assustado” com a repercussão do vídeo.
“Alguém pegou o vídeo e colocou o nome da filósofa na legenda. Como Dona Giselda é muito desenvolta em falar, acabou convencendo alguns incautos de que era realmente Marilena. E o que é pior: tem gente levando a sério e apoiando o que ela disse. Não sei quem é mais doido nessa história toda.”
Por fim ele fez um apelo às pessoas que estão declarando apoio às afirmações da paciente Giselda crendo que a mesma é, em verdade, Mariela Chauí:
“Não a levem a sério, pois ela é doida.”
05 de julho de2016
in Joselito Muller
Nenhum comentário:
Postar um comentário