Paixões ideológicas infectaram o ambiente acadêmico brasileiro, retardando a aplicação de princípios fundamentais de teoria econômica aos nossos mais prementes problemas. Foi ignorada a importância da dimensão fiscal para uma erradicação fulminante e permanente da inflação, com baixa taxa de sacrifício em perdas de produção e emprego. E também o papel decisivo da educação para o crescimento econômico e a redução das desigualdades sociais. Na vã tentativa de transpor esse fosso de ignorância nos debates públicos em meados dos anos 1980, eu mesmo trouxe ao Brasil Robert Lucas (Prêmio Nobel de 1995), Thomas Sargent (Nobel de 2011) e Gary Becker (Nobel de 1992), meus professores na Universidade de Chicago nos anos 1970.
Pois bem, 30 anos depois, quase não se compram mais jabuticabas em nosso meio acadêmico, embora frondosas jabuticabeiras ainda se plantem em partidos políticos e nos governos. Nas próximas duas semanas reúnem-se no Brasil quase 500 pesquisadores das melhores universidades do mundo para apresentações de trabalhos científicos inéditos. Nos dias 6 a 9 de julho, ocorre no Instituto de Matemática Pura e Aplicada (Impa) a XVI reunião anual da Sociedade para o Avanço da Teoria Econômica, com a presença de Robert Lucas. Nos dias 11 a 13 de julho, ocorre na FGV-Rio a XVII reunião anual da Associação de Teoria Econômica para Políticas Públicas, com a presença de Eric Maskin (Nobel de 2007).
Por trás dessa celebração científica está uma vida de ensino e pesquisa do probabilista, matemático e economista Aloisio Araújo, cujos 70 anos serão também festejados nos eventos. Aloisio mandou para treinamento fora mais de 150 brasileiros. “O ensino e a pesquisa são pilares da prosperidade americana. Minha vida é manter esse diálogo brasileiro com a fronteira científica mundial”, diz o economista, que se dedicou ao uso de modelos matemáticos de equilíbrio geral, teoria dos jogos, macrodinâmica e teoria dos leilões para exame de problemas brasileiros. Aloisio trabalhou na aprovação da Lei de Falências, na reprovação do modelo de partilha responsável pelo desastre do pré-sal e se engajou na cruzada pela educação infantil a partir das pesquisas de James Heckman (Nobel de 2000), também professor de Chicago nos anos 1970. Parabéns, ad astra!
05 de julho de 2016
Paulo Guedes, O Globo
Pois bem, 30 anos depois, quase não se compram mais jabuticabas em nosso meio acadêmico, embora frondosas jabuticabeiras ainda se plantem em partidos políticos e nos governos. Nas próximas duas semanas reúnem-se no Brasil quase 500 pesquisadores das melhores universidades do mundo para apresentações de trabalhos científicos inéditos. Nos dias 6 a 9 de julho, ocorre no Instituto de Matemática Pura e Aplicada (Impa) a XVI reunião anual da Sociedade para o Avanço da Teoria Econômica, com a presença de Robert Lucas. Nos dias 11 a 13 de julho, ocorre na FGV-Rio a XVII reunião anual da Associação de Teoria Econômica para Políticas Públicas, com a presença de Eric Maskin (Nobel de 2007).
Por trás dessa celebração científica está uma vida de ensino e pesquisa do probabilista, matemático e economista Aloisio Araújo, cujos 70 anos serão também festejados nos eventos. Aloisio mandou para treinamento fora mais de 150 brasileiros. “O ensino e a pesquisa são pilares da prosperidade americana. Minha vida é manter esse diálogo brasileiro com a fronteira científica mundial”, diz o economista, que se dedicou ao uso de modelos matemáticos de equilíbrio geral, teoria dos jogos, macrodinâmica e teoria dos leilões para exame de problemas brasileiros. Aloisio trabalhou na aprovação da Lei de Falências, na reprovação do modelo de partilha responsável pelo desastre do pré-sal e se engajou na cruzada pela educação infantil a partir das pesquisas de James Heckman (Nobel de 2000), também professor de Chicago nos anos 1970. Parabéns, ad astra!
05 de julho de 2016
Paulo Guedes, O Globo
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