Na conversa, a presidente Dilma afirma que já estaria mandando o documento da posse de ministro ao ex-presidente. Nesta quinta, contudo, a presidente rechaçou em seu discurso qualquer insinuação de que o diálogo teria conteúdo “não republicano” e afirmou que o documento encaminhado a Lula não tinha a assinatura dela e, portanto, não configuraria a posse de Lula como ministro, o que foi efetivado nesta manhã.
O juiz da Lava Jato deixa claro que caberá ao Supremo Tribunal Federal decidir sobre a questão.
“Como havia justa causa e autorização legal para a interceptação, não vislumbro maiores problemas no ocorrido, valendo, portanto, o já consignado na decisão do evento 135″, segue Moro que considerou não ser o caso de se excluir da investigação o diálogo de Lula e Dilma.
“Não é ainda o caso de exclusão do diálogo considerando o seu conteúdo relevante no contexto das investigações, conforme já explicitado na decisão do evento 135 e na manifestação do MPF do evento 132″, segue o magistrado, citando sua decisão desta quarta suspendendo o sigilo das interceptações.
TENTAR INFLUENCIAR
Na decisão de quarta-feira, Moro afirma que há em alguns diálogos, “aparentemente” uma tentativa “em tentar influenciar ou obter auxílio de autoridades do Ministério Público ou da Magistratura em favor do ex-Presidente”
Ele pondera, no entanto, que “não há nenhum indício nos diálogos ou fora deles de que estes citados (ministros de tribunais) teriam de fato procedido de forma inapropriada e, em alguns casos, sequer há informação se a intenção em influenciar ou obter intervenção chegou a ser efetivada”.
Moro destacou na decisão de quarta ainda que fez essas referências apenas para deixar claro que as aparentes declarações pelos interlocutores em obter auxílio ou influenciar membro do Ministério Público ou da Magistratura não significa que esses últimos tenham qualquer participação nos ilícitos, o contrário transparecendo dos diálogos”.
17 de março de 2016
Ricardo Brandt, Mateus Coutinho e Julia Affonso
Estadão
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