O juiz federal Sérgio Moro, responsável pelos processos da operação Lava Jato em Curitiba, apontou omissão do Ministério da Saúde em resposta a questionamentos sobre uma suposta reunião entre o ex-titular da pasta Alexandre Padilha – candidato derrotado do PT ao governo do Estado em São Paulo, em 2014 – e o ex-deputado André Vargas (sem partido-PR) para tratar da contratação da empresa Labogen S/A Química Fina e Biotecnologia, que havia sido comprada pelo doleiro Alberto Youssef, em parceria para produção de medicamentos.
A omissão do dado em nota técnica enviada no dia 26 de março de 2014 pelo ministério à Justiça Federal, após a deflagração da operação Lava Jato, foi considerada suspeita por Moro, conforme escreveu o juiz na ordem de prisão de Vargas, executada na sexta-feira.
“Agentes do Ministério da Saúde faltaram, aparentemente, com a verdade para com este Juízo ao não revelarem todos os fatos envolvidos na aprovação da parceria”, registrou Moro. “Apesar da extensão da nota e do relato dos encontros entre os representantes da Labogen e os agentes do Ministério da Saúde, foi omitida qualquer informação acerca dos aludidos encontros de André Vargas com Alexandre Padilha ou com Carlos Gadelha (então secretário executivo da pasta) a respeito dos fatos”.
HOUVE O ENCONTRO
Desde abril de 2014, a Lava Jato havia divulgado relatórios em que apontava o encontro entre Padilha e Vargas. Os dois negaram relações no negócio.
Na sexta-feira, Moro afirmou em seu despacho que “foram colhidas provas que indicam, em cognição sumária”, que Vargas teve “papel fundamental para que a Labogen lograsse obter a aprovação do Ministério da Saúde para a parceria”, já que, segundo o juiz, a empresa não tinha estrutura adequada para obtê-la sem a ajuda.
O encontro com Padilha foi descrito por Youssef em delação premiada, quando o doleiro disse que “Vargas efetivamente ajudou” nas negociações, apresentando a Labogen ao então ministro. Na ocasião, Padilha teria dito que encaminharia os representantes da Labogen a um dos coordenadores do ministério, Eduardo Jorge, a quem cabia tratar do assunto.
MINISTÉRIO SE DEFENDE
Em abril de 2014, quando o nome de Padilha foi citado no caso, sua assessoria de imprensa repudiou em nota qualquer relação com o doleiro e disse que não foi fechado contrato na pasta com a Labogen.
Na sexta-feira, o ministério reiterou a informação. “A proposta envolvendo a Labogen sequer passou da fase do cumprimento dos requisitos para assinatura de contrato”, diz a nota do ministério.
13 de abril de 2015
Deu em O Tempo
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