Diagnósticos certos muitas vezes deixam impressões falsas, disse Sergio Porto, na pele de Stanislaw Ponte Preta. Em maio de 2001, o PT e o marqueteiro Duda Mendonça anunciavam seu casamento e divulgavam a campanha “Xô Corrupção”, criada pelo publicitário. Duda dizia haver recebido, há 14 anos, R$ 280 mil do PT para produzir os comerciais de TV e rádio, além de material gráfico.
No ano seguinte, faria a campanha que levou Lula à Presidência, ganharia R$ 11 milhões e terminaria como réu do Mensalão, acusado de evasão de divisas e lavagem de dinheiro, mais tarde absolvido pelo Supremo Tribunal Federal.
No ano seguinte, faria a campanha que levou Lula à Presidência, ganharia R$ 11 milhões e terminaria como réu do Mensalão, acusado de evasão de divisas e lavagem de dinheiro, mais tarde absolvido pelo Supremo Tribunal Federal.
Na campanha de 2001, os políticos eram associados a ratos, e o PT, a ratoeira destinada a eliminá-los. A campanha surgia porque a base tucana do presidente Fernando Henrique Cardoso resolvera arquivar a CPI da Corrupção.
Na inserção de 1 minuto, ratos aparecem roendo a bandeira brasileira. Ao fundo, a trilha lembra vagamente o Hino Nacional. Enquanto os ratos disputam um pedaço da bandeira, escuta-se o locutor dizendo: “Ou a gente acaba com eles ou eles acabam com o Brasil. Xô Corrupção. Uma campanha do PT e do povo brasileiro”.
“É uma campanha séria, forte e até mesmo chocante”, afirmou Mendonça. “Mas o momento também é sério, forte e chocante.” “Lamentavelmente os tucanos escreveram uma das páginas mais nefastas da história do Brasil”, afirmou o então presidente do PT, José Dirceu, referindo-se a operação “abafa” para o arquivamento da CPI da Corrupção. “Nunca houve nada parecido.”
O JOGO VIROU…
Mais de uma dezena de anos depois, o nada parecido se tornou mais assombroso. Dirceu foi condenado, preso e ainda tem de explicar embolsos milionários de supostas consultorias a empresas. O PT deve amargar longo exílio do poder a partir das próximas eleições, a se julgar pelas taxas de rejeição ao partido.
Aqueles que abafaram a CPI da Corrupção em 2001 estão saboreando a pressão das ruas agora. O PMDB está onde sempre esteve: no poder.
O problema mais grave, de fundo, permanece. A corrupção, de um modo ou de outro, está entranhada na política nacional. Agora mais do que antes ou mais exposta do que antes. Não importa. Os ratos são os mesmos e não chegaram ontem a Brasil. Uns estão falando dos outros sem poder esconder o rabo.
13 de abril de 2015
Plínio Fraga
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