A massa de rendimento real habitualmente pelos trabalhadores para o trimestre encerrado em fevereiro (R$ 162 bilhões) ficou acima (2,2%) do valor registrado no mesmo trimestre do ano anterior (R$ 159 bilhões). Com a inflação de 7,36% neste período, houve, portanto, uma perda real de 4,81% dessa massa de rendimento real habitual.
Importante a população saber que esta enorme inflação, sobretudo por pressão dos preços administrados, é de total responsabilidade do governo, seja por conta do represamento dos preços administrados com vistas a ganhar popularidade e se reeleger, seja pelo excesso de despesas promovido por este governo pródigo, o que aumentou o excesso de liquidez na economia, fazendo a moeda girar numa velocidade maior, em grande volume. E na economia é assim, quanto maior é a quantidade de moeda circulando, menor é o seu valor. No caso, em se tratando de moeda, damos a isso o nome de inflação – que no caso significa a perda do valor do real.
Vê-se assim a dimensão do efeito corrosivo que a inflação exerce sobre o rendimento do trabalhador brasileiro. Junta-se a isso a pressão exercida no orçamento dessas famílias pelo endividamento e pelo acúmulo da carga tributária, e tem-se aí uma mistura certeira para a recessão econômica.
Se as contas trimestrais do IBGE na última divulgação apontaram para uma variação pífia de 0,9% na taxa de aumento de consumo das famílias, de agora em diante o consumo tenderá a diminuir ainda mais, possivelmente com evolução negativa.
E O DESEMPREGO?
A recessão induzida pela devastadora política de relaxamento fiscal perpetrada por Dilma e Mantega antes da chegada do ministro Levy vai fazendo lenha no mercado de trabalho.
Segundo informa o Caged do Ministério do Trabalho e Emprego, foram fechados quase 81 mil postos de trabalho só nos dois primeiros meses de 2015. Computados os últimos doze meses, o saldo entre admissões e demissões é negativo em mais de 47 mil vagas de trabalho. Lembre-se de que no Caged são computados apenas os trabalhos com registro em carteira.
DESINDUSTRIALIZAÇÃO
O setor mais prejudicado é justamente o secundário, isto é, a indústria, na qual – relativamente aos últimos doze meses – ocorreu o fechamento de 235 mil postos de trabalho. É nítido o efeito da recessão corroborado com a desindustrialização neste mercado de trabalho específico.
A construção civil, em especial, fechou quase 222 mil postos de trabalho. O quadro geral do mercado de trabalho só não foi pior por conta do terceiro setor, o de serviços, que corresponde a 68% da economia e que admitiu mais do que demitiu, abrindo assim novas frentes de trabalho. Ao todo foram quase 325 mil novos postos nos últimos doze meses.
ROTATIVIDADE
Assusta, também, o alto grau de rotatividade de mão-de-obra (turnover) implícita na tabela. Isso implica em uma alto custo com a formação e manutenção dos custos do trabalhador no setor privado, e para o setor público, com o pagamento do seguro-desemprego e do abono salarial.
Isso é uma mistura explosiva para a manutenção do chamado alto Custo Brasil, pois nossa baixa produtividade provoca a baixa competitividade.
Isto tem de ser corrigido com investimentos em infraestrutura e logística, que não estão sendo feitos em função da crise atual. Segundo a Confederação Nacional de Transportes (CNT), somente em projetos de logística, é preciso investir pelo menos um trilhão de reais. A situação, portanto, é desanimadora.
13 de abril de 2015
Wagner Pires
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