"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sábado, 14 de fevereiro de 2015

O ÚLTIMO CARNAVAL COM OS POLÍTICOS EM DESFILE



Com o Carnaval na rua, fica impossível fugir à tentação de imaginar desfiles para o nosso mundo político. Com as devidas desculpas por certas irreverências, vale listar personagens e as respectivas fantasias.
Na Comissão de Frente, os presos da Operação Lava Jato, vestidos de Irmãos Metralha, cada um carregando no mínimo dez máscaras suplementares, a ser oferecidas aos futuros integrantes da lista do Procurador Geral. Rodrigo Janot aparece como Torquemada, seguido dos ministros do Supremo Tribunal Federal, em elegantes batinas Dominicanas, lendo proclamações da Santa Inquisição.
O desfile não poderia deixar de apresentar, logo depois, a presidente Dilma, porta-bandeira vestida de Papisa Joana, aquela que não deveria sentar-se no trono de São Pedro, mas sentou. Como par, o Lula, fantasiado de Napoleão exilado na ilha de Santa Helena, reconhecendo a impossibilidade de conquistar outra vez o mundo.
Viriam em seguida José Dirceu e os companheiros condenados no mensalão, como  Piratas da Perna de Pau, com exceção para Antônio Pallocci, de Pinóquio. Henrique Pizzolato, o Homem da Máscara de Ferro. João Vaccari Neto,  Long John Silver na Ilha do Tesouro.   Alberto Youssef e Paulo Roberto Costa, mascarados como Drácula e Lobisomem, amarrados à cópia de uma torre de petróleo da qual, de minuto a minuto, jorra uma substância orgânica não propriamente preta, pois marrom.
BATERIA DOS EMPREITEIROS
Segue-se a Bateria dos Empreiteiros, com os tamborins vibrando a melodia do “Retorno Dos Que Não Partiram”, em seguida a Polícia Federal, vestida de Zorro e do Sargento Garcia.
Sucedem-se os Destaques, com o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, sugerindo a Noite De São Bartolomeu para acabar com seus adversários. O ministro Aloísio Mercadante como Tiradentes, único responsável pela conspiração destinada a promover a independência do PT. E o juiz Sérgio Moro de Estátua da Liberdade, sem necessidade de explicações.
Fernando Henrique Cardoso, à maneira de outros Carnavais, tirou do baú a fantasia de Ramsés II e Marta Suplicy inaugura o Chapeuzinho Vermelho. Aécio Neves, de Lobo Mau, e o ministro das Minas e Energia, Eduardo Braga, de Beduíno do Deserto do Saara.
CENTRAIS SILENCIOSAS
A bateria das Centrais Sindicais desfila silenciosa, com seus instrumentos em funeral. O bloco dos Pequenos Partidos da Base do Governo traz Al Capone como patrono. Cada folião leva uma metralhadora a tiracolo. Lá atrás, distanciado ao máximo do casal que abriu o desfile, vem o vice-presidente Michel Temer, caracterizado como Café Filho.
Para encerrar, à maneira do saudoso Joãozinho Trinta, montes de trabalhadores esfarrapados e descalços, entoando o samba-enredo “Devolvam Nossos Direitos”. Perdido no meio deles, o jurista Ives Gandra Martins recitando “É Hoje Só, Amanhã Não Tem Mais”.
Na Praça da Apoteose, entre a confraternização de todos, a Quarta-Feira de Cinzas, iluminada pelo sol da manhã, ouve os clamores da multidão queixosa: não se fazem mais Carnavais como antigamente

14 de fevereiro de 2015
Carlos Chagas

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