"Quero imaginar sob que novos traços o despotismo poderia produzir-se no mundo... Depois de ter colhido em suas mãos poderosas cada indivíduo e de moldá-los a seu gosto, o governo estende seus braços sobre toda a sociedade... Não quebra as vontades, mas as amolece, submete e dirige... Raramente força a agir, mas opõe-se sem cessar a que se aja; não destrói, impede que se nasça; não tiraniza, incomoda, oprime, extingue, abestalha e reduz enfim cada nação a não ser mais que um rebanho de animais tímidos, do qual o governo é o pastor. (...)
A imprensa é, por excelência, o instrumento democrático da liberdade." Alexis de Tocqueville
(1805-1859)

"A democracia é a pior forma de governo imaginável, à exceção de todas as outras que foram experimentadas." Winston Churchill.

sábado, 14 de fevereiro de 2015

DILMA NÃO É PARENTE, QUEM PARA PRESIDENTE?



        
No momento em que as esquerdas estão atônitas com as notícias que pululam de “impeachment” da presidenta e nos partidos que as compõem, digladia-se por impor uma verdade que emergiu de uma eleição suada que uniu partidos da base e foi à rua no último segundo eleitoral para virar a mesa, em um momento em que a candidatura de Aécio democraticamente estava crescendo, agora, setores desta mesma esquerda abandonam o governo e apostam no caos como um filme antigo que todos vimos em 1964.
Os paladinos da “verdade” acham eleitoralmente mais fácil criticar o governo do que defender a Democracia.
 
Há mais de 50 anos, apesar de ter a opinião pública a seu favor, como indicam pesquisas escondidas pela ditadura, Jango lutava para aprovar as “Reformas de Base”, entre elas a reforma política, a eleitoral, a agrária, a urbana e a tributaria entre outras, promovia o encontro com o povo nas ruas e nas praças que só ao povo pertence, nos comícios e debates para pressionar um Congresso conservador que não aceitava os avanços populares contidos na “Mensagem ao Congresso Nacional de 1964”, o mesmo que sequer analisou dita “mensagem”, dado ao evento da queda do governo.
 
CUNHADO NÃO É PARENTE
 
Setores da esquerda que vislumbravam candidaturas no ano subsequente ao Golpe de 64, bravateavam na rua “Cunhado Não parente, Brizola para presidente”. Setores desta mesma esquerda ameaçavam derrotar o pedido do Estado de Sítio, solicitado por Jango ao Congresso Nacional, tendo ele que retirar o mesmo de votação para não sofrer uma derrota que enfraqueceria mais o governo.
 
A Frente Parlamentar de Esquerda, através de porta-vozes, criticava Jango pelo isolamento e pela falta de agilidade em promover as reformas e também pela composição governamental com setores liberais em alguns ministérios, que eram necessários para estabilizar a crise.
Era uma época difícil, tal qual como a que caminhamos se não despertarmos do perigo eminente dos golpistas.
 
Fernando Henrique Cardoso já está de posse de parecer do jurista Ives Gandra encomendado especialmente para enquadrar a presidenta por crime de responsabilidade, por não ter detectado as distorções da Petrobras quando presidente do Conselho de administração da Estatal, não por dolo, mas mesmo assim pode ir para a Câmara este pedido de “impeachment”.
 
EDUARDO CUNHA
 
Teremos aí então um Eduardo Cunha com inspiração suficiente para incorporar em seu terreiro (fertilizado pela caboclagem de um PMDB fisiológico) um verdadeiro Áureo Moura de Andrade, pronto para reaparecer em cena.
 
Enquanto um sorridente Michael Temer faz ensaios com o seu filiado Eduardo Cunha na trincheira comum, porta-vozes e emissários dizem: “Pelo ranger da carruagem desgovernada, a oposição nem precisa perder muito tempo com CPIs e pareceres para detonar o impeachment da presidente da República, que continua recolhida e calada em seus palácios, sem mostrar qualquer reação. O governo Dilma-2 está se acabando sozinho num inimaginável processo de autodestruição.” Ricardo Kotscho, assessor de Lula.
 
Ou, segundo Marta Suplicy, se a presidente tivesse optado pela transparência, “não estaríamos agora tendo de viver o aumento desmedido das tarifas, a volta do desemprego, a diminuição de direitos trabalhistas, a inflação, o aumento consecutivo dos juros, a falta de investimentos e o aumento de impostos, fazendo a vaca engasgar de tanto tossir”.
 
Só falta estes personagens unirem-se ao ninho. Aquele velho ninho golpista de sempre. Em 1964 havia um corvo na espreita. Em 2015 há um tucano no ninho.

14 de fevereiro de 2015
João Vicente Goulart é filho do ex-presidente
Jango e diretor do Instituto João Goulart

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