Na quinta-feira, criador e criatura se encontraram em São Paulo. Acuada pelo novo presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha, que em poucos dias desmontou a chamada base aliada e mostrou que o governo não manda mais no Congresso, a presidente Dilma Rousseff teve de se humilhar e ir ao encontro de Lula, porque o ex-presidente a esnobou, disse que não viajaria a Brasília e exigiu que Dilma, se quisesse vê-lo, pegasse o avião e fosse a São Paulo.
Na desagradável reunião com seu criador, a criatura ouviu poucas e boas, como se dizia antigamente. Lula abriu os trabalhos dizendo que só aceitou se encontrar com ela porque agora o que está em jogo é a sobrevivência do PT e do próprio governo. Dilma ouviu e engoliu, calada. E Lula então mandou que ela procurasse apoio do vice Michel Temer e do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), para tentar abrir diálogo com Eduardo Cunha, na tentativa de recompor a base aliada no Congresso.
POSSÍVEL, MAS IMPROVÁVEL
A recomendação de Lula é óbvia. Se a estratégia vai dar certo, ninguém sabe. A reaproximação com o novo presidente da Câmara é possível, mas altamente improvável. Lula pensa que ainda está no Poder, acha que Dilma pode confiar em Temer e Renan, como ocorria no passado, mas as coisas mudaram radicalmente.
Além de Temer e Renan não serem minimamente confiáveis, o PMDB será beneficiário direto do impeachment de Dilma, que ganha cada vez mais apoio. Na internet, está chegando a 2 milhões o número de assinaturas de eleitores que querem cassar o mandato de da presidenta/governanta. E a tendência é de que o apoio à cassação da presidente aumente implacavelmente.
EM BANHO-MARIA
Na verdade, o processo de impeachment só está em banho-maria porque ainda não se sabe até que ponto houve envolvimento do PMDB no esquema da Petrobras. Se ficar provado que o lobista Fernando Baiano operava para o caixa 2 do partido, Temer também estará liquidado, com base na Lei Eleitoral, conforme a incontestável tese do jurista Jorge Béja, já explicitada fartamente aqui na Tribuna da Internet, com absoluta exclusividade.
Na hipótese de Temer também ser cassado, por ter sido presidente do PMDB na época das propinas da Petrobras, a situação muda totalmente. O grande beneficiário de tudo passa a ser Eduardo Cunha, que assumiria a Presidência da República no lugar de Temer. Por isso, é uma ingenuidade achar que Dilma pode se reaproximar do presidente da Câmara e confiar que ele ajudará a recompor a base aliada, pois o objetivo dele é justamente o contrário.
De qualquer forma, dentro de mais alguns dias haverá maiores informações sobre o envolvimento do PMDB, e a situação ficará mais clara. O certo é que o impeachment pode ser considerado praticamente inevitável. O que resta saber é se a Presidência será assumida por Michel Temer ou Eduardo Cunha, pois o PMDB, como sempre, continuará no Poder. Assim estava escrito.
15 de fevereiro de 2015
Carlos Newton
15 de fevereiro de 2015
Carlos Newton
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