O incrível parentesco do chiclete com o sapoti
Chiclets, por sua vez, era apenas uma composição do termo chicle, nome genérico da resina que estava na base do chiclete, com a terminação diminutiva let. Curiosamente, essa passagem de marca registrada a substantivo comum não se deu com Chiclets em inglês.
É por meio do chicle – a própria goma borrachuda com que então se fabricava chiclete, um termo que o inglês tinha ido buscar no espanhol – que vamos encontrar uma conexão do chiclete com o sapoti, nome de um fruto e de sua árvore, também chamada sapotizeiro.
A origem da palavra chicle é um termo do náuatle (língua dos astecas, hoje restrita a pouco menos de um milhão e meio de falantes), tzictli, que designava o látex espesso e de rápida coagulação destilado pelo tronco do zapote (do náuatle tzapotl), árvore da família das sapotáceas. Os astecas, dizem que especialmente as mulheres, adoravam mascar tzictli.
Em meados do século XIX, grandes quantidades desse látex foram importadas do México por empresários americanos que tentavam encontrar um substituto para a borracha. O projeto fracassou, mas o chicle acabou adotado em peso pela nascente indústria americana de gomas de mascar, desbancando as bases usadas até então, entre elas a parafina, e impulsionando o crescimento do mercado planetário de chiclete ao longo do século XX. Hoje, na maioria dos casos, foi substituído por resinas sintéticas.
E como entra o sapoti nessa história? Ora, ele é nada menos que o zapote em versão aportuguesada. Introduzido no Brasil, o sapoti (de nome científico Manilkara zapota) ficou mais conhecido entre nós por seu fruto do que por seu látex – e também como apelido da cantora Ângela Maria, consta que dado pelo presidente Getúlio Vargas, que teria comparado o tom da pele e o doce da voz da artista fluminense aos do fruto da árvore do chiclete.
15 de fevereiro de 2015
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