ILIMAR FRANCO
O GLOBO - 07/02
O apagão político do Planalto
A indignação inundou o PMDB na madrugada de quarta-feira. A cúpula do partido, reunida no Jaburu, concluiu que a presidente Dilma, com a reforma, não queria acertar a vida do PMDB, mas resolver a sucessão do governador Cid Gomes (PROS-CE). Numa só tacada, com o aval de seu novo coordenador político, Mercadante, foi expulso do jogo o presidente da CCJ do Senado, Vital do Rêgo, e mandado para o banco o PMDB da Câmara, ao tirar-lhe o Turismo para dar ao PTB. A operação, qualificada de “amadora”, não teve costura prévia e o Planalto achava que a enfiaria goela abaixo. Naquele clima, o senador Gim Argello (PTB) antecipou que seu partido não participaria de uma manobra tão “desastrada”.
“Se o partido ganhar (um ministério), sai aleijado. Se o partido perder, sai morto”
Benito Gama
Presidente do PTB, reagindo à pecha de fisiologismo, anuncia que seu partido não aceitará convite nem vai indicar nomes para o Ministério do governo Dilma
Esperando no altar
O treinador da seleção de Vôlei, Bernardinho, em conversa com o candidato do PSDB ao Planalto, Aécio Neves, relatou que “sofre muitas pressões da família” para não concorrer ao governo do Rio. A leitura de Aécio:“ele não deu um não definitivo”.
Galo de rinha
O presidenciável Aécio Neves (PSDB) quer ficar no pé da campanha do PT pela reeleição da presidente Dilma. O ex-líder do PSDB, deputado Carlos Sampaio (SP), que é promotor de Justiça, foi escolhido para comandar a área jurídica de sua candidatura. Entre suas tarefas, está montar um sistema para monitorar tentativas de uso da máquina pública pelos governistas.
Segurando a vela
O candidato do DEM às Laranjeiras, vereador Cesar Maia, recebeu uma ligação do tucano Aécio Neves, quando estava na Espanha no congresso do PP local. Eles marcaram para conversar sobre as eleições no Rio. O encontro pode ocorrer hoje.
Céu de brigadeiro
Os dirigentes do PSB avaliam que o candidato tucano Aécio Neves vai ser comedido nos ataques ao socialista Eduardo Campos. Explicam: Aécio vai precisar dos eleitores de Campos no segundo turno. Os dirigentes do PSDB concordam. E justificam: Eduardo ajuda a levar a eleição para o segundo turno, mas não tem fôlego para chegar lá.
Em boca fechada não entra mosca
Numa audiência esses dias, o ministro José Eduardo Cardozo (Justiça) recebeu informe sobre o protesto no metrô de São Paulo. Riu e sussurrou: “Fico vibrando com essa confusão toda”. E foi contido por uma assessora: “Ministro, olha a conveniência”.
Filho de peixe
A atuação do vice Michel Temer foi criticada na reunião da bancada do PMDB. O filho do presidente do partido no Rio, Jorge Picciani, o deputado Leonardo Picciani, metralhou: “O Temer não pode ser o interlocutor da bancada com o governo”.
ELE TEM A FORÇA. A pedido do ex-presidente Lula, a direção do PT transferiu evento pelos 34 anos do PT, na segunda-feira, de Brasília para São Paulo.
VERA MAGALHÃES -
PAINEL
FOLHA DE SP
Após uma semana de tensão, Aloizio Mercadante (Casa Civil) foi ontem até Michel Temer para discutir o espaço do PMDB na reforma ministerial. Dilma Rousseff mandou o ministro dizer ao vice-presidente que as negociações serão retomadas na semana que vem e o partido será atendido, mas que ela ficou irritada por saber pelos jornais da recusa da sigla em ocupar a pasta da Integração Nacional e com o início de motim capitaneado pela bancada da Câmara dos Deputados.
Assentamento Dilma deve nomear Miguel Rossetto para a vaga de Pepe Vargas no Desenvolvimento Agrário. Ele já ocupou o cargo no governo Lula e é da corrente petista Democracia Socialista, que controla o ministério.
É sua Mercadante se reuniu no fim de semana com o presidente do PP, Ciro Nogueira, para definir o quinhão do partido na reforma. O governo quer que o próprio senador substitua Aguinaldo Ribeiro na pasta das Cidades.
Nem tanto O PP insiste em liberar seus diretórios para apoiar adversários de Dilma nos Estados. O líder do partido na Câmara, Dudu da Fonte, está prestes a fechar acordo com Eduardo Campos (PSB) em Pernambuco.
Luz de velas O PSDB compartilhou nas redes sociais banner que imita as propagandas do governo federal alardeando o lançamento do programa "Meu Lampião, Minha Vida", numa alusão ao apagão em vários Estados.
Inaugural Dilma vai na segunda-feira à festa de 34 anos do PT, em São Paulo. O ato é considerado o lançamento da candidatura de Alexandre Padilha ao governo do Estado e deve contar ainda com o ex-presidente Lula.
Granada Um ministro criticou Padilha por ter responsabilizado o PSDB, em entrevista à Folha, pelo surgimento do PCC em São Paulo. Para o auxiliar de Dilma, o ex-colega errou no tom.
Fica para... A direção do PSB quer evitar que o evento do dia 22, que reunirá Eduardo Campos e Marina Silva em Porto Alegre para a discutir programa de governo, antecipe o debate sobre alianças no Rio Grande do Sul.
... depois Embora reduzido, o núcleo gaúcho da Rede tem restrições ao apoio do PSB à senadora Ana Amélia, do PP, sigla com ligação com o agronegócio no Estado.
Replay Lula prometeu ontem ajudar na campanha de Eduardo Braga (PMDB) ao governo do Amazonas. Em 2012 ele se empenhou por Vanessa Grazziotin (PC do B) em Manaus, mas o tucano Arthur Virgílio (PSDB) foi eleito.
No papel 1 A Prefeitura de São Paulo reativou em outubro contrato com um consórcio integrado pela empresa Focco -que tinha como sócio, até agosto, João Roberto Zaniboni, investigado por envolvimento com o cartel de trens no Estado de São Paulo.
No papel 2 O contrato foi retomado pela SPObras, empresa municipal comandada por Osvaldo Spuri. Ele trabalhou no governo paulista entre 1995 e 2003 e está sob investigação por suspeita de ligação com o mesmo cartel.
Vaivém O contrato com o consórcio integrado pela Focco, assinado na gestão Gilberto Kassab (PSD), havia sido suspenso por Fernando Haddad (PT) em 2013 antes de ser retomado. Segundo a prefeitura, a Focco não lidera o consórcio e não há irregularidades na documentação.
Vem pra rua Sob comando do metalúrgico Zé Maria (PSTU), a central sindical Conlutas convocou reunião no dia 22 de março com movimentos sociais para organizar um protesto em São Paulo na abertura da Copa.
TIROTEIO
Em época de prisão de mensaleiros do PT, Alexandre Padilha parece ter conhecimento de causa para falar sobre crime organizado.
DO DEPUTADO VANDERLEI MACRIS (PSDB-SP), sobre a declaração de Padilha de que a maior facção criminosa de São Paulo nasceu sob o governo tucano.
CONTRAPONTO
Comigo não!
Geraldo Alckmin (PSDB) deixava um evento do governo ontem, no centro de São Paulo, quando foi abordado por uma vendedora ambulante. A moça fez uma reclamação, mas chamou o tucano de "prefeito" por engano.
-Mas eu não sou o prefeito. Sou o governador...
-Então é melhor ainda! O senhor deve mandar mais do que o prefeito! -respondeu a vendedora.
Logo depois, do outro lado da rua, um outro homem pediu a Alckmin alterações na regulamentação da comida de rua. O governador teve que explicar que essa é uma atribuição do município, e não do Estado.
CORREIO BRAZILIENSE
Denise Rothenburg
Se tem algo que o vice-presidente da República exercita com maestria, é a paciência. Ontem, ao conversar com a coluna, ele disse que não houve veto ao nome de Eliseu Padilha para ministro e que o deputado está prestigiadíssimo e prontamente aceito por Dilma para coordenar a campanha, aproveitou para colocar alguns pingos nos iis em relação ao seu papel dentro do PMDB e do governo. Primeiro, disse que essa crise (o fato de a bancada na Câmara defender a entrega dos cargos) “se resolve com diálogo e muita conversa”. Tratou ainda como “acidente” a história de que o governo deseja tirar o PMDB da pasta do Turismo e disse acreditar numa boa a solução para a reforma ministerial, embora se mantenha discreto.
Quanto ao partido, Temer é cristalino: “Se houver antecipação da convenção tem que decidir em definitivo. Tenho uma longa história no PMDB, de serviços prestados ao PMDB. Também devo muito ao PMDB”, afirmou. Temer acredita piamente que o melhor caminho para a legenda, que ele serve há décadas, é a reeleição da presidente Dilma, com a reedição da chapa. “Para mim, isso está acima de um projeto pessoal e farei todo o esforço para manter a aliança, mas o que o partido decidir, eu acato”, afirmou.
Temer frisou diversas vezes na conversa que tem servido ao PMDB ao longo desses anos, em uma conjuntura muitas vezes delicada, difícil. Mas nunca deixou o seu partido de lado. Nos próximos dias, pretende, em conjunto com a presidente Dilma e o ministro Aloizio Mercadante, da Casa Civil, encontrar a melhor saída. Falta combinar com as bancadas da Câmara, do Senado, com a própria Dilma e os demais aliados. Sem dúvida, não será tarefa fácil.
Quanto ao partido, Temer é cristalino: “Se houver antecipação da convenção tem que decidir em definitivo. Tenho uma longa história no PMDB, de serviços prestados ao PMDB. Também devo muito ao PMDB”, afirmou. Temer acredita piamente que o melhor caminho para a legenda, que ele serve há décadas, é a reeleição da presidente Dilma, com a reedição da chapa. “Para mim, isso está acima de um projeto pessoal e farei todo o esforço para manter a aliança, mas o que o partido decidir, eu acato”, afirmou.
Temer frisou diversas vezes na conversa que tem servido ao PMDB ao longo desses anos, em uma conjuntura muitas vezes delicada, difícil. Mas nunca deixou o seu partido de lado. Nos próximos dias, pretende, em conjunto com a presidente Dilma e o ministro Aloizio Mercadante, da Casa Civil, encontrar a melhor saída. Falta combinar com as bancadas da Câmara, do Senado, com a própria Dilma e os demais aliados. Sem dúvida, não será tarefa fácil.
Sobrou para eles
Prefeitos de pequenas cidades do Rio Grande do Norte reclamaram ao deputado Felipe Maia (DEM-RN) que o governo está descontando o salário dos profissionais do programa Mais Médicos daqueles valores repassados para montagem de equipes do Saúde da Família. Antes, os municípios recebiam R$ 10 mil por cada equipe composta por um médico, um enfermeiro e um técnico de enfermagem. Agora, muitos não ficam nem com a metade disso. E ainda têm que arcar com alimentação e alojamentos para os cubanos.
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O ex-ministro da Saúde Alexandre Padilha usará os contatos feitos no período de titular da Secretaria de Relações Institucionais para tentar chegar ao empresariado paulista, leia-se financiadores de campanha. Terá como padrinhos nessa empreitada os integrantes do chamado “conselhão”, que constantemente era chamado para dar opiniões no governo Lula.
Goiás preocupa PT
O presidente petista Rui Falcão recebeu recentemente algumas pesquisas goianas feitas por institutos regionais e ficou preocupado com o que viu. É que, no cenário de hoje, há o risco de Dilma Rousseff ficar sem palanque no estado, na hipótese de ser obrigada a disputar o segundo turno.
Pop star/ Sabe aqueles ônibus estilizados, que levam os cantores sertanejos pelo interior do país? É mais ou menos o que o ex-ministro da Saúde Alexandre Padilha pretende usar para circular por municípios paulistas onde pretende reunir os militantes de seu partido e deflagrar a montagem de um programa de governo. O ônibus já tem até nome: “Padilhando”.
Passou recibo/ O senador Cristovam Buarque (PDT-DF) notou: “Gleisi (Hoffmann, ex-ministra da Casa Civil) voltou para cá e, antes de nos dar bom dia, já fez um discurso criticando Eduardo Campos (do PSB, pré-candidato a presidente da República). Sinal de que Dilma acusou o golpe da aliança ‘mofada’ e que não trata Eduardo como um nanico”.
Tempo esgotado/ O tesoureiro do PSDB, deputado Rodrigo de Castro (MG), avisa que antes do carnaval, os tucanos de Minas Gerais farão um encontro para apresentar oficialmente o ex-ministro Pimenta da Veiga como pré-candidato ao governo estadual.
Mudança de hábito/ Houve tempos em que se dizia que o antigo PFL (hoje DEM) estava tão acostumado a andar de carro oficial que seus filiados não tinham sequer habilitação para dirigir. Hoje, esse papel cabe ao PT. O atual ministro da Saúde, Arthur Chioro (foto), quase perde o vôo para Brasília quando deixou a secretaria municipal em São Bernardo para vir assumir o ministério. Acostumando a esperar pelo motorista, nem se lembrou que teria que ir até o aeroporto de... táxi, ônibus ou dirigindo o próprio carro. ç
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