Em dezembro de 2010, ao premiar Cesare Battisti com o status de asilado político, Lula fez mais que absolver simbolicamente um assassino condenado à prisão perpétua pela Justiça do seu país: também jogou no lixo o tratado de extradição firmado por duas nações amigas.
Neste fevereiro, a captura de Henrique Pizzolato depositou no colo do governo italiano a chance de vingar-se exemplarmente da afronta. Para tanto, basta fazer o contrário do que fez o Brasil ─ e devolver ao berço esplêndido o mensaleiro que fugiu.
Obrigada pelas circunstâncias a solicitar a extradição do quadrilheiro escalado para agir no Banco do Brasil, a companheirada no poder pede a Deus que a Itália e ao demônio que a Itália segure Pizzolato por lá.
Ele sabe muito, está magoado com os chefões do bando, sente-se abandonado pelo PT e tem entaladas na garganta revelações que podem piorar o que já está ruim. Nem em sonhos os inquilinos da Papuda e os figurões em liberdade conseguem enxergar Pizzolato erguendo o punho cerrado enquanto desce a escada do avião.
Ele só tem aparecido no meio da madrugada, cada vez com mais frequência, como personagem de pesadelo. Sempre com aquela cara de garçom no fim do expediente, aquela gravata borboleta, aquela maleta numa das mãos direita─ e com o indicador esquerdo apontado para alguém.
07 de fevereiro de 2014
in Augusto Nunes. Veja
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