Pela primeira vez na política brasileira, como se sabe, as doações de empresas a candidatos e partidos estão proibidas. Com isso o custo das campanhas terá que diminuir enormemente. Não só por esse fato, uma vez que as doações estão limitadas às pessoas físicas e mesmo assim até o montante de 10% dos rendimentos anuais, mas a redução dos custos (aparentes e ocultos) vai conduzir a que se possa avaliar com margem pequena de erro o peso da corrupção de ontem ou o peso da corrupção de hoje.
Na esteira das contribuições empresariais praticava-se uma série de atos de corrupção, sob a capa de apoio aos candidatos na busca de votos. As doações eram anunciadas em determinado valor, que era registrado na Justiça Eleitoral. Mas acontece, como os leitores já estão percebendo, que as entregas financeiras iam muito além das contas registradas no TSE e nos Tribunais Regionais Eleitorais.
SEM LIMITE – Através dos aportes em dinheiro ou em contas no exterior eram estabelecidas transações que em alguns casos ultrapassavam o limite do bilhão de reais. Em outros casos, chegavam a ultrapassar a casa do bilhão de dólares.
O financiamento às campanhas era somente um mero pretexto para a velocidade de vazão dos propinodutos. E eram vários. Os dois mais intensos eram os da Odebrecht e da JBS. A Petrobrás era a peça-chave do esquema. Por isso será interessante comparar as despesas realizadas nas urnas de 2014 com aquelas que serão efetuadas nas urnas de 2018.
Tenho a certeza que a diferença atingirá uma cifra altíssima. Nessa cifra embutia-se, disfarçadamente, a corrupção generalizada que inundou tanto a política quanto a administração brasileira.
UMA DIFERENÇA – Chegar a essa comparação não será tarefa difícil, pois as doações estarão registradas na Justiça Eleitoral. Mas aparecerá uma diferença marcante, porque nenhuma empresa, a partir da Lava Jato, vai poder simular aportes financeiros a legendas e candidaturas. A diferença vai destacar duas realidades: a de ontem e a de hoje. A terceira etapa reduzirá o peso da intermediação e dos depósitos em contas no exterior. E olha que entre 2014 e 2018 deve se considerar uma taxa inflacionária em torno de 15 a 20%. Mas não é esta a questão.
A questão é que, com uma dose mínima de corrupção, presume-se que o governo vai dispor de mais recursos para equilibrar as contas públicas e investir nos serviços essenciais de saúde, saneamento, educação e segurança. Porém, na melhor das hipóteses, isso fica para 2019, pois a voz do povo nas urnas só vai repercutir no próximo governo.
Em princípio, quanto menor for a corrupção, maior será a ação concreta do governo no país. Então, vamos comparar os números de 2014 e 2018 para ver como o roubo decaiu de um período para outro. Pode-se imaginar uma cifra para dimensionar os efeitos de um sistema que arrasou a economia e o poder de compra dos assalariados brasileiros.
11 de maio de 2018
Pedro do Coutto
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