Jair Bolsonaro (PSL), líder nas pesquisas para a Presidência da República, anuncia que vai apresentar “o pior programa de governo do mundo”. Argumenta: “Porque será verdadeiro”. Por enquanto, tem falado mais sobre o que não vai fazer, sem dizer o que de fato pretende fazer, caso seja eleito. Na área da segurança, por exemplo, diz que não vai renovar a intervenção militar no Rio nem promover ações em outros estados.
Mas não indica alternativas contra o aumento da criminalidade nas zonas urbanas, como ficou claro ontem, em evento organizado pelo site Poder 360, em Brasília.
PREVIDÊNCIA – É confuso ao tratar de Previdência. Estuda propor um “novo sistema” para os jovens, para evitar uma transição “tumultuada”. Mas afirma, também, que a venda de estatais pode bancar o custo da transição na reforma previdenciária.
Define-se como liberal na economia, deseja a independência do Banco Central e privatizações — mas teme a entrega de áreas “estratégicas” à China, como a exploração mineral, porque “é um regime totalmente diferente do nosso”.
Sua receita para sair da crise? “Rodando a economia”. Não é claro sobre o significado. Imagina reduzir a burocracia e os ministérios — de 30 para 15. Pensa em acabar com Meio Ambiente, fundindo-o à Agricultura. Sobre Petrobras e o pré-sal, não os considera prioritários: “O ciclo do petróleo acabou.”
SERIA O “NOVO” – Jair Bolsonaro acha que encarna o “novo” na eleição presidencial deste ano e disse acreditar que estará no segundo turno contra o “candidato que o PT apoiar”. Afirma que se houver união dos candidatos do campo do centro se unirem, a disputa ficará mais fácil: “Vão se juntar todos para eu dar um tiro só”.
O candidato diz pretender mudar a forma de governar no Brasil. Em evento organizado pelo site Poder 360, afirmou que não vai “lotear o governo nos porões do Jaburu”, mas acenou para o chamado “baixo clero” do Congresso, dizendo que não vai discutir com líderes dos partidos. Indagado sobre qual é seu compromisso com a democracia, afirmou que foram os militares que garantiram o processo de impeachment de Dilma Rousseff, defendeu a liberdade de imprensa, e disse ser contra medidas para regulação da mídia.
MILITAR NA DEFESA – Bolsonaro adiantou que quer colocar um militar no comando do Ministério da Defesa. E afirmou que, sob sua Presidência, como comandante em chefe das Forças Armadas, não haverá disputa de poder pelo cargo de ministro: “Vai ter autoridade”. Para Bolsonaro, a intenção do ex-presidente Fernando Henrique ao criar a pasta, em 1997, foi “tirar os militares da mesa de reunião presidencial”. Ele passou em revista os ex-ministros, com críticas a todos. Só Nélson Jobim escapou. Sobre o último ocupante, Raul Jungmann, disparou: “Ele tem pavor de pistola e é ministro da Defesa?”
Em relação a pistolas, Bolsonaro reiterou que quer armar a população. Acha que, se há uma guerra no país, os dois lados devem poder atirar, não apenas os bandidos. “Tem que parar de ter pena de vagabundo, de achar que pode ser reciclado. Não vai ter futuro”, disse.
11 de maio de 2018
Lydia Medeiros
O Globo
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