A derrocada do lulopetismo abriu uma enorme janela de oportunidade para o País se recompor dos desatinos de governos populistas
A derrocada do lulopetismo, marcada pelo impeachment de Dilma Rousseff e pela recente confirmação da condenação de Lula da Silva por corrupção e lavagem de dinheiro, o que torna o ex-presidente inelegível à luz da Lei da Ficha Limpa, abriu uma enorme janela de oportunidade para o País se recompor dos desatinos de governos populistas e voltar ao caminho do desenvolvimento econômico, social e político, guiado por lideranças éticas e responsáveis.
Para ajudar na compreensão dos desafios da Nação e fomentar o debate acerca da agenda para a reconstrução do País, o Estado publicou uma série de reportagens entre setembro de 2016 e janeiro de 2017 com as políticas públicas que deverão pautar os debates eleitorais deste ano. Não só isso. Nos próximos meses, a série Fórum Estadão: A Reconstrução do Brasil irá abordar os principais temas visando à modernização do País.
Durante a abertura do primeiro evento da série, terça-feira passada, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou que para iluminar esses caminhos que levarão à reconstrução “não faltam ideias, o que falta são líderes” que sejam capazes de engajar a maioria da sociedade em torno de uma agenda em prol do interesse nacional.
Em meados de novembro do ano passado, FHC proferiu uma conferência sobre a conjuntura política brasileira na Columbia University, nos EUA. Naquela ocasião, ao tratar da necessidade de unificar a sociedade em torno de uma agenda de interesses comuns, afirmou que “não temos um De Gaulle”, referindo-se ao general Charles de Gaulle, o ex-presidente da França que reergueu seu país dos escombros da 2.ª Guerra.
Por mais graves que tenham sido os males infligidos ao País nos últimos anos, para repará-los, nos próximos quatro anos, não precisamos de um estadista do porte do general De Gaulle – embora isso seja desejável. Um líder decente, pautado por valores morais e disposto a encampar uma agenda que atenda aos anseios por ética no exercício da atividade política, estabilidade econômica, racionalidade administrativa e responsabilidade fiscal, já será capaz de fazer o País dar o salto em direção a um futuro mais promissor.
O problema é que não têm surgido nomes que aglutinem ideias e vontades. As ações que devem ser tomadas para dar prumo ao Brasil já estão expostas – como mostra a série de reportagens do Estado que deu origem ao Fórum –, mas a insuficiência de debate público, partidário ou parlamentar em torno de propostas é o exemplo de que a escassez de lideranças reconhecidas pela sociedade aflige o País.
Se é verdade que todas as eleições são importantes para a definição dos rumos do País, também é verdadeiro afirmar que o pleito de 2018 terá uma importância ainda maior para indicar se nos próximos anos haveremos de tomar a direção do desenvolvimento ou voltaremos aos trilhos do retrocesso. Não faltam vozes a se aproveitarem da justa indignação da sociedade diante dos desmandos da chamada “classe política”, da sensação de insegurança que parece não ter fim, da divisão dicotômica entre nós e eles que foi engendrada pelo PT e hoje dificulta qualquer debate profícuo em torno de temas de interesse geral, além da precariedade na prestação dos serviços públicos, o que torna a vida de milhões de brasileiros, todos os dias, um enorme desafio.
É dessa angústia que advém a busca pelo “novo”, sem que esteja claro o que seria isso e, principalmente, quem poderia desempenhar este papel. Na verdade, o que se busca é uma liderança genuinamente imbuída de espírito público e comprometida com os valores liberais e democráticos, não necessariamente neófitos na política.
A Constituição consagra a democracia representativa e define a filiação a um partido político como uma condição de elegibilidade. “Na hora da campanha, o ‘novo’ sem estrutura partidária é só uma ideia”, disse Fernando Henrique. “Não vejo o ‘novo’ nesta eleição. Temos de jogar com as cartas que estão aí”, concluiu.
De um elenco de candidatos heterogêneos e sem muito brilho, os eleitores terão de separar aqueles que, de fato, estão dispostos a fazer o que precisa ser feito e, assim, reconduzir o Brasil na direção de um futuro próspero e sustentável, daqueles que não passam de promessas vazias, cujo único resultado que são capazes de entregar é um mergulho em um profundo abismo de incertezas.
05 de março de 2018
Editorial Estadão
A derrocada do lulopetismo, marcada pelo impeachment de Dilma Rousseff e pela recente confirmação da condenação de Lula da Silva por corrupção e lavagem de dinheiro, o que torna o ex-presidente inelegível à luz da Lei da Ficha Limpa, abriu uma enorme janela de oportunidade para o País se recompor dos desatinos de governos populistas e voltar ao caminho do desenvolvimento econômico, social e político, guiado por lideranças éticas e responsáveis.
Para ajudar na compreensão dos desafios da Nação e fomentar o debate acerca da agenda para a reconstrução do País, o Estado publicou uma série de reportagens entre setembro de 2016 e janeiro de 2017 com as políticas públicas que deverão pautar os debates eleitorais deste ano. Não só isso. Nos próximos meses, a série Fórum Estadão: A Reconstrução do Brasil irá abordar os principais temas visando à modernização do País.
Durante a abertura do primeiro evento da série, terça-feira passada, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou que para iluminar esses caminhos que levarão à reconstrução “não faltam ideias, o que falta são líderes” que sejam capazes de engajar a maioria da sociedade em torno de uma agenda em prol do interesse nacional.
Em meados de novembro do ano passado, FHC proferiu uma conferência sobre a conjuntura política brasileira na Columbia University, nos EUA. Naquela ocasião, ao tratar da necessidade de unificar a sociedade em torno de uma agenda de interesses comuns, afirmou que “não temos um De Gaulle”, referindo-se ao general Charles de Gaulle, o ex-presidente da França que reergueu seu país dos escombros da 2.ª Guerra.
Por mais graves que tenham sido os males infligidos ao País nos últimos anos, para repará-los, nos próximos quatro anos, não precisamos de um estadista do porte do general De Gaulle – embora isso seja desejável. Um líder decente, pautado por valores morais e disposto a encampar uma agenda que atenda aos anseios por ética no exercício da atividade política, estabilidade econômica, racionalidade administrativa e responsabilidade fiscal, já será capaz de fazer o País dar o salto em direção a um futuro mais promissor.
O problema é que não têm surgido nomes que aglutinem ideias e vontades. As ações que devem ser tomadas para dar prumo ao Brasil já estão expostas – como mostra a série de reportagens do Estado que deu origem ao Fórum –, mas a insuficiência de debate público, partidário ou parlamentar em torno de propostas é o exemplo de que a escassez de lideranças reconhecidas pela sociedade aflige o País.
Se é verdade que todas as eleições são importantes para a definição dos rumos do País, também é verdadeiro afirmar que o pleito de 2018 terá uma importância ainda maior para indicar se nos próximos anos haveremos de tomar a direção do desenvolvimento ou voltaremos aos trilhos do retrocesso. Não faltam vozes a se aproveitarem da justa indignação da sociedade diante dos desmandos da chamada “classe política”, da sensação de insegurança que parece não ter fim, da divisão dicotômica entre nós e eles que foi engendrada pelo PT e hoje dificulta qualquer debate profícuo em torno de temas de interesse geral, além da precariedade na prestação dos serviços públicos, o que torna a vida de milhões de brasileiros, todos os dias, um enorme desafio.
É dessa angústia que advém a busca pelo “novo”, sem que esteja claro o que seria isso e, principalmente, quem poderia desempenhar este papel. Na verdade, o que se busca é uma liderança genuinamente imbuída de espírito público e comprometida com os valores liberais e democráticos, não necessariamente neófitos na política.
A Constituição consagra a democracia representativa e define a filiação a um partido político como uma condição de elegibilidade. “Na hora da campanha, o ‘novo’ sem estrutura partidária é só uma ideia”, disse Fernando Henrique. “Não vejo o ‘novo’ nesta eleição. Temos de jogar com as cartas que estão aí”, concluiu.
De um elenco de candidatos heterogêneos e sem muito brilho, os eleitores terão de separar aqueles que, de fato, estão dispostos a fazer o que precisa ser feito e, assim, reconduzir o Brasil na direção de um futuro próspero e sustentável, daqueles que não passam de promessas vazias, cujo único resultado que são capazes de entregar é um mergulho em um profundo abismo de incertezas.
05 de março de 2018
Editorial Estadão
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